São Paulo, 20 - Os instrumentos de securitização podem ter um papel relevante na diversificação de fontes de recursos para o crédito imobiliário, na opinião de Teotonio Costa Rezende, Diretor Executivo de Habitação da Caixa Econômica Federal. A poupança e o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) vão continuar, conforme ele, com papel relevante em canalizar recursos para a compra de imóveis, mas são necessárias alternativas.
"O Brasil é ainda um dos poucos países em que o crédito imobiliário é quase totalmente dependente de crédito direcionado. A poupança que resiste a décadas e continua captando bastante e também o FGTS. Precisamos aproveitar os bons fundamentos da economia para criar mecanismos de mercado para subsidiar o crédito imobiliários", avaliou Rezende.
O executivo citou a criação das letras financeiras imobiliárias similares ao covered bond existente na Europa. Segundo ele, é preciso dar mais fôlego para o setor e incentivar a modernidade via soluções de mercado. Sobre a participação do crédito imobiliário no Produto Interno Bruto (PIB), que no Brasil é de 8,2%, Rezende avaliou que o porcentual ainda permite crescer a liberação de recursos para a compra de imóveis de forma confortável.
O diretor da Caixa afirmou ainda que tem plena convicção de que não há uma bolha imobiliária no Brasil. No entanto, ressaltou que o mercado não pode conceder crédito sem preocupação com o futuro. "Tivemos problemas na década de 80 e demoramos quase uma década consertando o que foi feito de errado. Não temos bolha, mas temos de apoiar o Banco Central de estar atento ao mercado e evitar cometer equivoco que venha tirar qualidade carteira", destacou ele.
De acordo com o especialista, a realidade do Brasil é diferente de outros países. A carteira de crédito imobiliário não só da Caixa, mas dos outros bancos, conforme ele, são equilibradas em termos de garantia, inadimplência e regras de governança.