O coordenador do Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S), Paulo Picchetti, voltou a revisar a projeção para o indicador fechado de março, só que desta vez para baixo. A expectativa do economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV) é que o IPC-S encerre o mês mais perto de 0,80% do que na faixa de 1,00%, como divulgado na semana passada. "O índice está mais com jeito de que irá fechar no nível de hoje, do que com alta próxima a 1,00%", disse, ao referir-se à elevação de 0,83% do IPC-S apurada na terceira quadrissemana de março, ante 0,84% na passada.
De acordo com Picchetti, os produtos que mais subiram na terceira leitura do mês - tomate, batata-inglesa e alface - estão desacelerando o ritmo de alta nas pesquisas mais recentes, o que pode pressionar menos o IPC-S no fechamento. Segundo a FGV, levantamentos mais atualizados mostram que a variação do tomate praticamente caiu à metade em relação ao que indicava na semana passada, de elevação acima de 60%. Além disso, contou Picchetti, a batata também diminuiu a velocidade de alta para cerca de 40%, contra 60%, enquanto a alface reduziu o ritmo para abaixo de 19%. "Se não tiver outra volatilidade enorme, tendem a registrar uma taxa menor na quarta quadrissemana em relação à terceira (últimos 30 dias terminados no sábado)", avaliou.
Entretanto, entre a primeira e a segunda quadrissemanas do IPC-S, o tomate avançou 44,43% (ante 42,56%), a batata teve alta de 36,69% (ante 27,40%) e a alface registrou elevação de 19,49% (ante 20,40%). "O fato é que a inflação está nas mãos desses produtos. É uma notícia boa, pois não é um aumento generalizado. Estão em desaceleração na ponta (pesquisas mais recentes)", afirmou.
Ainda que o IPC-S feche março na casa de 0,80%, ficando abaixo de 1,00% como previsto anteriormente, Picchetti ponderou que a inflação ainda requer cautela e preocupa. "Não quer dizer que estamos numa situação confortável, mas menos desconfortável. Fechar em 0,80% é um número muito alto", disse. Em março de 2013, o IPC-S terminou em 0,72%.
Entre a segunda e a terceira quadrissemana do mês, o grupo Alimentação passou de 1,59% para 1,58%. "Os outros grupos também tiveram poucas alterações. A história está toda concentrada nos in natura", disse. Um dos destaque de alimentos que desaceleraram, segundo a FGV, foram as frutas, que passaram de 4,21% para 1,84%.
Também chama a atenção a taxa menor de Transportes, de 0,90% para 0,78%. Segundo Picchetti, o movimento foi resultado do impacto menor das tarifas de ônibus urbano no Rio de Janeiro (de 1,45% para 0,95%). "Mas já há fontes de pressão de combustíveis, que estão subindo nas pesquisas mais recentes, alertou o professor da FGV.