Num 2013 de expansão morna da economia brasileira, a centenária companhia mineira Cedro Têxtil bateu recorde de produção, com a marca de 92,5 milhões de metros lineares de tecidos, e apurou o melhor faturamento de sua história. A receita bruta alcançou R$ 707 milhões, representando aumento de 17,4% frente à de 2012. Os indicadores caminharam na contramão dos resultados das empresas têxteis e de confecções, que amargaram cifras de 9,4%, em média, inferiores na mesma base de comparação, e de um mercado inundado pelas marcas estrangeiras, particularmente da China. O gigante asiático respondeu por 52% das importações de produtos têxteis do país, avaliadas em US$ 6,7 bilhões.
O lucro líquido da Cedro, no entanto, baixou 20,8% entre 2012 e 2013, quando atingiu R$ 16,1 milhões. Ao divulgar, ontem, o balanço, o diretor administrativo-financeiro da Cedro Têxtil, Fábio Mascarenhas Alves, atribuiu o recuo a fatores não recorrentes, especialmente a alteração da legislação do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS), que restringiu o uso dos créditos do tributo nas compras pela empresa. O bom desempenho da produção e das vendas refletiu a capacidade mostrada pela companhia para se aproveitar da demanda, que continuou firme em 2013, por tecidos coloridos e estampados, acompanhando as tendências da moda, o que permitiu a elevação de 48% do faturamento da linha de produtos premium.
A empresa teve boa performance também no segmento de uniformes profissionais, que cresceu 23%, e na linha do jeans, com demanda 7% superior à de 2012. Os números são prova suficiente do consumo, que continuou ativo até o terceiro trimestre do ano passado, em consequência da elevação da renda dos brasileiros e do ingresso das classes de menor poder aquisitivo no consumo. Preparada para barrar concorrentes, segundo Fábio Mascarenhas, a Cedro colheu os frutos do esforço feito nos últimos anos para racionalizar a produção e desenvolver tecidos de maior valor agregado, com investimentos de R$ 13,9 milhões em 2012 e R$ 38,9 milhões no ano passado.
ESTRATÉGIA
“Estamos saindo de um mercado que busca mais os produtos básicos e em que a definição de compra se baseia no preço para um segmento mais qualificado, em que os preços não são o fator preponderante” , afirmou o diretor financeiro da companhia. O plano de aportes foi decidido em 2012 para conclusão neste ano, destinado basicamente à compra de máquinas de fiação italianas que produzem fios de maior qualidade na fábrica Santo Antonio, de Pirapora, no Norte de Minas. Outra estratégia foi investir para melhorar a produtividade na fabricação de fios usados em brins e jeans na unidade Cedronorte, também instalada em Pirapora. A companhia controla ainda as unidades de Sete Lagoas e Caetanópolis, na Região Central de Minas, mantendo, ao todo, 3.700 empregados.
Com a política de levar as fábricas a um alto grau de especialização por segmento de negócios e melhorar a qualidade dos produtos, a Cedro aplicou R$ 153 milhões desde 2009. O ciclo será encerrado até dezembro, com um volume de desembolso que, segundo Fábio Mascarenhas, permitirá à empresa alcançar pleno resultado dessa estratégia em 2015.