Os hotéis em construção na capital para atender a demanda da Copa do Mundo podem ganhar fôlego extra no calendário de obras. A Câmara Municipal de Belo Horizonte deve colocar nesta sexta-feira em votação a extensão da data final para entrega dos empreendimentos para 31 de maio. De acordo com a Lei 9.952/2010, que flexibilizou o potencial construtivo da cidade para os investimentos hoteleiros, as obras teriam que estar prontas na próxima segunda-feira.
Dos 36 hotéis com obras em andamento, 19 devem entrar em funcionamento antes do mundial. Já foram inaugurados 10 novos empreendimentos na capital e outros 9 devem ficar prontos até o fim de abril. De acordo com cálculos da consultoria em hotelaria JR & MVS, a extensão do prazo é importante para esses grupos que estão na reta final do cronograma. A medida também é vista com bons olhos por parte dos vereadores, já que os empreendimentos em questão vão atender a demanda dos jogos. “A intenção é que a proposta seja colocada em votação amanhã (hoje), juntamente com o projeto de lei (PL) 392”, diz o vereador Wagner Silva (Preto) (DEM), líder do governo na Câmara. Segundo o vereador, a multa prevista em lei para os empreendimentos que não cumpriram o cronograma é bastante pesada. “Considero razoável haver pequena prorrogação do prazo para quem já está em fase de conclusão.”
Maarten Van Sluys, diretor-executivo da JR&MVS, lembra que a multa prevista na lei para os empreendimentos que não cumprirem o cronograma é tão pesada que, em muitos casos, dependendo do nível de atraso das obras, pode até mesmo inviabilizar o empreendimento. A multa chega a alcançar o valor do terreno. “Pode atingir R$ 5 milhões, eliminando o lucro operacional por dois anos.” A Câmara Municipal também deve apreciar, nas próximas semanas, o Projeto de Lei 999/14, de autoria do vereador Marcelo Álvaro Antônio, que isenta ou reduz a multa em algumas situações. Um dos panoramas previstos no PL é a ativação parcial do empreendimento até 31 de maio próximo, com conclusão final das obras até maio de 2015. Além disso, o grupo que administra o empreendimento deve garantir o funcionamento da empresa como hotel por 20 anos. Também está prevista audiência pública para debater a situação da nova rede hoteleira.
Enquanto parte dos empreendedores corre para cumprir os prazos, os estabelecimentos que vão engrossar o atendimento ao turista começam a ser inaugurados, com expectativa de ter ocupação de até 100% durante os dias de jogos e perto de 90% ao longo do mês do mundial. Ontem foi inaugurado o Tulip Inn, na Savassi, com investimentos de R$ 70 milhões. Junior Bosco, gerente comercial da Direcional Engenharia, responsável pela obra, aponta outros investimentos inaugurados em tempo, como o Go Inn, no Bairro Caiçara, aberto na segunda-feira, e o Ibis Styles Pampulha, que entra em operação amanhã.
Ao todo, os três hotéis somam investimentos da ordem de R$ 188 milhões e abrem na cidade 650 apartamentos. “Cumprir o cronograma não foi fácil, mas os investidores foram motivados pela oportunidade. No caso do Tulip Inn, por exemplo, o potencial construtivo do terreno cresceu cinco vezes, o que viabilizou o investimento”, diz Bosco. Segundo o executivo, a Copa do Mundo foi uma oportunidade, mas as maiores expetativas se concentram após o Mundial. “Belo Horizonte tinha uma carência de leitos, o parque hoteleiro era deficitário.”
Exigência
Segundo projeções da Prefeitura de Belo Horizonte, apesar dos atrasos, as 19 inaugurações que estão previstas para a capital, somadas aos sete hotéis já em funcionamento, representam mais de 50% do contingente total de novos leitos, garantindo as exigências da Fifa, com uma oferta de 21 mil leitos na cidade. Segundo Van Sluys, soma-se a isso o fato de que a entidade reduziu em 50% o número de reservas para o mundial em todo o país.
Os desbloqueios da Fifa não alteraram as previsões de ocupação máxima das hospedagens e a previsão é de demanda aquecida, que já se reflete nos valores da oferta. Os preços da diária para casal em apartamento standard em hotéis de três a cinco estrelas variam entre R$ 800 e
R$ 1 mil durante o mundial, enquanto longe do evento os preços em Belo Horizonte ficam entre R$ 300 e R$ 400. Paulo César Pedrosa, presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Belo Horizonte e Região Metropolitana (Sindhorb), diz que o aumento em épocas de grande demanda é esperado. No entanto, ele destaca que os hotéis têm a seu favor uma forte contrapartida. “Oferecem conforto e segurança aos hóspedes.” Para a Copa do Mundo, o Sindhorb estima que haverá cerca de 200 meios de hospedagem na capital, com cerca de 120 hotéis entre 3 e 5 estrelas.
Reforço nas sedes
São Paulo – A Gol Linhas Aéreas detalhou ontem seu plano de operações para a Copa do Mundo e informou que, embora o número de voos no período da Copa seja semelhante ao de períodos normais, a companhia aérea que fará esforços para remanejar os destinos para que a oferta para as cidades-sede seja maior. O presidente da Gol, Paulo Kakinoff, lembrou que o Mundial vai gerar um fluxo adicional para apenas 12 cidades de 63 em que a companhia opera e que o fato do número de passageiros cair nos demais destinos possibilitará o remanejamento.
Entre os esforços da companhia para atender a demanda do Mundial está a solicitação de 953 operações, sendo 378 voos extras e 575 com alterações de horários e ajuste de programação, além da garantia de aumento de contingente nos aeroportos das cidades-sede e oferta de novos produtos.
De acordo com informações da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), considerando as demais companhias, o incremento de operações na malha aérea no período entre junho e julho será de 31,2%. O volume de voos regulares ficará em 51.663 e os extras em 16.116, um total de 67.779. De Belo Horizonte, sairão 6.931 voos regulares e 789 extras, ou seja, 7.721 decolagens, aumento de 11,4% no período da Copa do Mundo. Em Brasília, serão 5.567 voos, sendo 3.392 regulares e 2.175 extras, incremento de 64,1%.
Sobre o nível de ocupação dos voos durante a Copa, Kakinoff explicou que ele deverá ser similar ao mesmo período do ano passado, porque a queda no fluxo corporativo é compensada pela alta no fluxo de turistas.
Restrições
Com relação às restrições do espaço aéreo durante os jogos da Copa, que afetarão 1,2% do total de decolagens estimadas, a Abear garante que o impacto será pequeno. Segundo a Gol, um total de 11.400 clientes serão atingidos, o que corresponde a 0,3% do total transportado no mês."Felizmente, o nível de ocupação para esses voos é baixo e a reacomodação será simples, sendo feita sem ônus para os clientes", afirma o presidente da Gol.
Em Belo Horizonte, durante a Copa, o aeroporto da Pampulha estará localizado na área vermelha (dentro da zona de restrição) e terá pousos impossibilitados nos horários de jogos. As decolagens ficam permitidas, desde que as aeronaves não efetuem curvas em direção ao Mineirão até que saiam da área amarela. Já o aeroporto de Confins ficará localizado fora da área vermelha e terá pousos e decolagens permitidos durante os jogos.
A repórter viajou a convite da Gol Linhas Aéreas