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Estado de Minas

Apesar de medidas de socorro para o setor elétrico, BC prevê energia 9,5% mais cara

Banco Central revisa projeção de aumento da tarifa em função da seca prolongada. Gasolina também preocupa


postado em 28/03/2014 06:00 / atualizado em 28/03/2014 07:17

No Relatório Trimestral de Inflação (RTI) divulgado nessa quinta-feira, o Banco Central (BC) destacou que, apesar de o ministro da Fazenda, Guido Mantega, ter anunciado medidas de socorro para o setor elétrico, a fim de evitar o repasse de tarifas para os consumidores, incertezas relevantes vindas de eletricidade e gasolina pesam sobre a inflação. Até então, a instituição não tinha dado destaque para esses preços. A autoridade monetária reviu a estimativa de aumeno na tarifa de energia elétrica residencial este ano de 7,5% para 9,5%. “O Copom (Comitê de Política Monetária) entende que uma fonte relevante de risco para a inflação reside no comportamento das expectativas de inflação, impactadas negativamente nos últimos meses pelo nível da inflação corrente, pela dispersão de aumentos de preços e pelas incertezas que cercam a trajetória de preços com grande visibilidade, como o da gasolina e os de alguns serviços públicos, como eletricidade”, disse a autoridade monetária na página 77 do relatório.


A revisão da estimativa do Banco Central para a alta de tarifa de energia elétrica em 2014 foi considerada razoável e realista por especialistas. O economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, classificou a revisão como “relevante”. Ele calcula que a alta de 9,5%, se concretizada, pode trazer um impacto de 0,33 ponto porcentual (pp) para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2014, estimado em 6,1% no cenário de referência pelo BC. Na estimativa anterior da autoridade monetária, de 7,5%, o impacto seria de 0,26 pp.

A economista Alessandra Ribeiro, da Tendências Consultoria Integrada, avaliou a revisão da projeção do BC como “razoável” para acomodar os reajustes tarifários anuais das concessionárias e os custos da geração de energia a partir de termelétricas. A estimativa é maior que a da própria consultoria, revisada recentemente para 8,1%. Em fevereiro, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) sugeriu que a tarifa deveria aumentar 4,6% para cobrir os gastos da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) com as termelétricas. Essa proposta, segundo Alessandra, pode ter entrado no radar do BC e influenciado a revisão, mesmo que o martelo ainda não tenha sido batido sobre o percentual.

 Nos cálculos de Alessandra, o impacto gerado por um reajuste de 9,5% nas tarifas de energia seria de 0,25 pp na inflação de 2014, considerando que o item tem peso de 2,63% no IPCA. A economista ressaltou ainda que a parte principal da conta das termelétricas deve ficar para 2015. "O custo deve ser escalonado, mas será um peso principalmente no próximo ano. Além disso, teremos as bandeiras tarifárias, que podem ser um incremento no caso de clima desfavorável", explicou.

Consumo aquecido

O consumo de energia elétrica atingiu, em fevereiro, o nível mais alto nos últimos dez anos. No segmento de baixa tensão, referente aos consumidores residenciais e comerciais, a alta foi de 14,6% em relação ao mesmo mês do último ano. Os dados, divulgados ontem pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), do governo federal, são um novo alerta para o setor, que opera no limite da capacidade de geração de energia. De acordo com o levantamento da EPE, o consumo total em fevereiro subiu 8,6% em relação a fevereiro de 2013, chegando a 41.403 gigawatts-hora (GWh). Na área industrial, a alta foi de 1,4%. No acumulado do bimestre, o consumo ultrapassou 81 mil GWh, com avanço de 6,8% ante igual período do ano anterior.


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