O presidente da Eletrobras, José da Costa, disse nesta sexta-feira (28) que estudos feitos pela estatal indicam que será possível reverter o prejuízo de R$ 4 bilhões em 2013 em lucro em 2014. Isso porque parte dos gastos feitos pela empresa ao longo do período (cerca de R$ 6,3 bilhões) são de efeitos não recorrentes. Ou seja: não se repetirão ou, em alguns casos, serão revertidos, deixando de ser considerados gastos e passando a ser contabilizados como investimentos. E, sendo investimentos, poderão ser repassados à tarifas, resultando em lucro para a estatal.
“Extraindo os efeitos não recorrentes passaríamos de um prejuízo de R$ 4 bilhões para um lucro de R$ 2,2 bilhões, em números redondos”, disse Costa. Dos R$ 6,3 bilhões não recorrentes, R$ 4 bilhões estão relacionados à geração e transmissão de energia, e R$ 2,3 bilhões à distribuição, explicou o presidente.
Entre os lançamentos contábeis não recorrentes, ele citou o programa de incentivo ao desligamento de empregados, que resultou em gasto de R$ 1,7 bilhão, e os R$ 800 milhões em investimentos que, por ainda não terem sido reconhecidos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), acabaram sendo contabilizados como prejuízo.
Outro exemplo de lançamentos não recorrentes citados por ele são “os quase R$ 800 milhões que investimos em 2013 [e ao final de 2012] nos sistemas de transmissão, mas que estão em processo de reconhecimento pela Aneel”, disse.
“Como isso ainda não aconteceu, nosso auditor julgou que não poderia ser classificado como investimento. O que era despesa acabou entrando como prejuízo, mas a ser revertido nos próximos anos. Conforme esperamos, a Aneel vai reconhecer os valores e teremos o benefício de, ao voltar com o valor, passar de negativo para positivo. Será uma diferença de R$ 1,6 milhão”.
Costa citou como fator relevante para a contabilidade negativa, os prejuízos registrados na usina térmica de CGTE, no Rio Grande do Sul. “É uma das empresas que mais deram prejuízo, pelo grau de penalização que teve por não cumprir responsabilidades”, disse. A CGTE não tem fornecido 300 Megawatts (MW) a que está obrigada por contratos. Gera, segundo Costa, cerca de 250 MW.
“A solução será mudar o contrato para 250 MW, mas com compromisso de 300. Os 50 restantes serão comprados da Eletronorte para repor a diferença. Com isso, os R$ 2,2 bilhões que teríamos em lucro [após a estatal recontabilizar os efeitos não recorrentes], seria maior se tivéssemos resolvido esse problema”, disse.
Costa apresentou o balanço da empresa, referente a 2013. “Foram R$ 11,2 bilhões em investimentos. É o maior na história da Eletrobras. Até então, o recorde foram os R$ 9,8 bilhões investidos em 2012”, disse. Em 2014, a estatal pretende investir números mais ambiciosos: R$14,1 bilhões; e no período 2014-2018, o plano de investimentos é R$ 60,8 bilhões.
Em 2013, a empresa agregou 659 MW ao sistema elétrico. “Em 2014, queremos agregar outros 2.205 MW”, disse. “Essas são as partes relativas apenas à nossa empresa, descontadas as partes das parceiras”. Para o período 2014-2018, a estatal agregará 13.400 MW ao sistema. “Isso significa que, direta ou indiretamente [contabilizando as empresas parceiras], serão mais 25.000 MW em um período que o Brasil crescerá 35.000 MW, o que mostra a importância da Eletrobras para o sistema”, acrescentou.
A empresa expandirá, em 2013, em 1.898 quilômetros (km) as linhas de transmissão. Em 2014 serão 4.266 km; e, no período 2014-2018, 19.200 km. “No caso da transmissão, em muitos projetos estamos sozinhos, mas no total também descontamos a parte das empresas parceiras”, informou Costa. A previsão é que, ao todo, a expansão de linhas no Brasil seja de 33.100 km no mesmo período.