A Alcoa, uma das maiores fornecedoras de alumínio do mundo, anunciou ontem o desligamento das três linhas de produção de alumínio primário da fábrica de Poços de Caldas, no Sul de Minas Gerais, primeira unidade industrial da companhia no Brasil, em funcionamento desde 1965. As atividades de mineração, refinaria, fundição e produção de pó de alumínio vão continuar operando no município, informou a empresa, por meio de sua assessoria de imprensa. Do quadro de 1 mil empregados em Poços, cerca de 300 atuam no setor que será temporariamente fechado, mas não houve demissões, de acordo com a multinacional.
A assessoria da Alcoa informou que o destino dos empregados ainda está em processo de avaliação. A justificativa para o corte no município mineiro e também na Alumar, em São Luís (MA), foi a perda de competitividade das operações, diante da elevação dos custos de produção. Em nota distribuída à imprensa, a companhia anunciou a redução temporária de 147 mil toneladas de sua capacidade produtiva de alumínio primário “devido às condições desafiadoras do mercado global e ao aumento de custos de suas operações, que deixaram de ser competitivas”.
O ajuste, que está em curso nas operações mundiais da Alcoa, já havia sido iniciado no ano passado, quando 34 mil toneladas de alumínio primário deixaram de ser produzidas na fábrica de Poços e 97 mil em São Luís. Agora, será interrompida a produção das 62 mil toneladas restantes do metal na unidade mineira e de 85 mil no Maranhão. A disposição da companhia é de revisar uma parcela de 800 mil toneladas de sua capacidade de produção no planeta, o que representará o desligamento de 21% da capacidade de fabricação do metal. Há estimativas de que o preços do alumínio no mercado internacional caíram 13% no ano passado, para a média de US$ 1,8 mil por tonelada.
AJUSTES MUNDIAIS
“Em todo o mundo, estamos tomando medidas para reduzir a capacidade de produção dos smelters (fábricas produtoras do metal) que não são competitivos e reposicionar nosso perfil de custos”, afirmou em nota Bob Wilt, presidente da Divisão Global de Produtos Primários da Alcoa. A empresa informou que as demais operações brasileiras não serão afetadas. A Alcoa tem seis unidades produtivas no país, centro de distribuição e escritórios em Minas, Pará, Pernambuco, Santa Catarina, São Paulo e no Distrito Federal. Ao todo, mantém 5,7 mil empregos. É, também, acionista da Mineração Rio do Norte e das usinas hidrelétricas de Machadinho, Barra Grande, Serra do Facão e Estreito.
Na nota divulgada pela empresa, o presidente da Alcoa América Latina & Caribe, Aquilino Paolucci, disse que a empresa tentará minimizar o impacto da redução da produção junto dos funcionários. “Apesar do trabalho duro realizado pelo time para tornar nossas operações mais competitivas, fomos forçados a tomar medidas difíceis em relação à nossa produção de metal primário no Brasil, em função das condições de mercado que enfrentamos. Agradecemos o apoio dos governos, em todos os níveis, e vamos trabalhar ativamente em parceria com nossos funcionários, sindicatos e comunidades para administrar esta transição e minimizar os impactos.”