O ministro da Fazenda, Guido Mantega, reconheceu nesta quarta-feira, que a expansão do PIB de 2,3% em 2013 não foi "um grande crescimento", mas ponderou que foi suficiente para criar os empregos que o País precisava e para gerar renda e riqueza para a população. "Se você comparar com outros países, no âmbito do G-20, nós estivemos entre os que mais cresceram em 2013, mais do que os EUA. "Estão aí falando em retomada do crescimento dos EUA, e eles só cresceram 1,9% no ano passado", afirmou durante o programa "Bom Dia Ministro", na sede da Empresa Brasil de Comunicação (EBC).
O ministro admitiu que o crescimento do país poderia ser maior, mas disse que irá aumentar quando houver uma recuperação da economia internacional e o Brasil voltar a exportar mais. Enquanto isso não acontece, acrescentou, o País cresce a taxas menores, de 2% a 2,5%.
"Hoje a indústria brasileira está com capacidade ociosa. Ela atende o mercado doméstico, mas tem dificuldade em atender o mercado internacional, que está reduzido", argumentou. Mantega explicou que o mercado internacional encolheu porque vários países da América latina estão crescendo menos e consumindo menos, enquanto os países asiáticos não têm pra quem exportar. "Isso aumenta a concorrência", arrematou.
Para o ministro, mesmo com essas dificuldades o crescimento do País foi "razoável". "Eu diria que foi um bom crescimento para um ano que foi difícil para o mundo inteiro. Os países europeus tiveram crescimento negativo ano passado, portanto, ter um crescimento positivo acima de 2% é um bom crescimento para o País", afirmou.
"Nós vamos acelerar o nosso crescimento tão logo essa crise internacional seja superada e um novo ciclo de expansão ocorra no mundo. Isso começou a ocorrer e daqui a pouco a economia brasileira vai poder voltar a crescer a 3%, 4% até 5% com facilidade nos próximos anos", concluiu.
Confiança
O ministro disse ainda que é preciso ter cuidado, quando se fala em confiança. "Porque tem a confiança daqueles que fazem investimento, daqueles que entendem o que está acontecendo no País. Essa confiança não foi abalada", afirmou. "O termômetro é o investimento estrangeiro direto (IED). Não tem melhor termômetro que o cidadão que vem investir no Brasil e é um investimento de longo prazo", argumentou.
Mantega disse que, no ano passado, foi de desconfiança nos mercados, porque se colocou em dúvida a capacidade de crescimento dos países emergentes de um modo geral. "Todo mundo achou que os emergentes não iam continuar crescendo e não é bem assim", disse.
O ministro disse que o Brasil continua tendo um grande fluxo de capital, com aumento do IED e da aplicação em renda fixa. Segundo ele, havia uma queda nas aplicações em bolsa. "A bolsa tinha se retraído no ano passado e início desse ano em função de uma turbulência internacional. A boa notícia é que nos últimos 15 ou 20 dias há uma forte recuperação da bolsa e o IED está subindo mais que no ano passado", afirmou.
Mantega lembrou que foram mais de US$ 10 bilhões de IED em janeiro e fevereiro. "A confiança existe sim. A confiança de que o Brasil é um país que tem um grande mercado que vai continuar crescendo e que tem grandes projetos de investimento na área de petróleo e gás, petroquímica e na construção", disse.
Mantega disse que as concessões públicas vão gerar um efeito multiplicador grande no Brasil. "O Brasil é um dos poucos países que tem um grande programa de concessão de infraestrutura no mundo, que vai mudar a face do País. Poucos países têm esse programa pela frente e isso vai movimentar a economia e vamos voltar a ter as taxas de crescimento que tínhamos ainda há pouco tempo atrás", finalizou.