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Estado de Minas

Trem de carvão da Vale é atacado em Moçambique


postado em 02/04/2014 14:58 / atualizado em 02/04/2014 18:55

Um trem de carvão do grupo de mineração brasileiro Vale foi atacado na terça-feira à noite em Moçambique e seu condutor ficou ferido, anunciou nesta quarta-feira o governo, que atribuiu a ação ao movimento rebelde Renamo, principal partido de oposição e ex-guerrilha.

"O Renamo atacou um trem que transportava carvão e atirou na perna do condutor", disse o vice-ministro do Interior, José Mandra, à rádio Moçambique. "O condutor está sento tratado e seu estado é estável", indicou por sua vez a Vale, acrescentando que as "operações foram temporariamente suspensas para permitir a realização de uma investigação".

O ataque aconteceu na terça-feira às 21H00 (16H00 de Brasília) na província de Sofala (região central do país), em um trecho da via que liga a mina de Moatize ao porto de Beira, segundo o vice-ministro.

O grupo brasileiro confirmou em um breve e-mail à AFP que um de seus trens que trafegava sobre a linha de Sena foi "atingido por vários disparos". "É uma tentativa de desestabilizar o país", denunciou o vice-ministro do Interior.

O movimento rebelde, que também é a principal força de oposição no país, negou responsabilidade no ataque na linha ferroviária, estratégica para as empresas de mineração. "Desde que o conflito começou, Renamo nunca atacou a via Sena. Por que faríamos isso hoje, quando chegamos a um acordo?", questionou Antonio Muchunga, porta-voz do grupo.


O movimento, que vem perdeu terreno a cada eleição - 47% dos votos em 1999 para 16% em 2009 - voltou a pegar em armas nos últimos meses.

Mas depois de boicotar as eleições municipais de novembro, anunciou em janeiro que iria participar nas eleições gerais, marcadas para outubro.

A gigante da mineração brasileira opera no noroeste de Moçambique um complexo de extração de carvão para as usinas termelétricas ou o uso de aço, destinado em grande parte para a exportação, principalmente para a China e Índia. A Vale começou a construção de uma nova estrada de ferro de 900 km para exportar seu carvão através do porto de Nacala (norte).

O movimento Renamo ameaçou no ano passado executar ataques contra instalações importantes, incluindo esta linha ferroviária, por onde circula o carvão a partir da província de Tete, na região nordeste, até o porto de Beira.

O ataque aconteceu na terça-feira à noite em uma área entre as cidades de Muanza e Dondo, na província de Sofala, centro do país. O governo e o Renamo estão em processo de negociação e pareciam próximos de um acordo de trégua.


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