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Estado de Minas

Infraero pretende 'esconder' obras de reforma de Confins durante a Copa

Governo assina concessão do terminal e admite que intervenções não vão ficar prontas a tempo do Mundial


postado em 08/04/2014 06:00 / atualizado em 08/04/2014 07:08

O presidente da BH Airport, Paulo Rangel, o diretor-presidente da Anac, Marcelo Pacheco dos Guaranys, o ministro da Secretaria de Aviação Civil, Moreira Franco, e o presidente da Infraero, Gustavo do Vale, ontem, em entrevista coletiva logo após a assinatura da concessão de Confins(foto: GLADYSTON RODRIGUES/EM/D.A PRESS)
O presidente da BH Airport, Paulo Rangel, o diretor-presidente da Anac, Marcelo Pacheco dos Guaranys, o ministro da Secretaria de Aviação Civil, Moreira Franco, e o presidente da Infraero, Gustavo do Vale, ontem, em entrevista coletiva logo após a assinatura da concessão de Confins (foto: GLADYSTON RODRIGUES/EM/D.A PRESS)

A pouco mais de 60 dias do início da Copa do Mundo, o governo federal finalmente admite que parte das obras previstas para o Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, não será entregue a tempo e, para piorar, diz que será preciso “tapear” o que não for concluído a tempo para garantir a operação do terminal durante o evento. A obra de ampliação da pista de pouso, por exemplo, não será entregue, assim como a reforma completa do terminal de passageiros, disse o presidente da Infraero, Gustavo do Vale, nessa segunda-feira, na cerimônia de assinatura do contrato de concessão do aeroporto. A praça de alimentação também será improvisada.

O plano emergencial da Copa, previsto no contrato de concessão, também corre o risco de não ser posto em prática até junho. Com isso, medidas importantes para melhorar a qualidade do serviço podem não ser implementadas, como a ampliação dos pontos de energia, a disponibilização de wi-fi gratuita de alta velocidade e a instalação de câmeras no estacionamento. “As obras estão andando, mas não no ritmo que esperávamos. Reconheço que estão atrasadas, que não ficará pronto com aquilo que a gente estava prevendo para a Copa do Mundo, mas posso garantir que, com o que estará pronto até o final de abril, será perfeitamente possível para Confins receber todos os passageiros que aqui virão com conforto e tranquilidade”, afirma o presidente da Infraero.

Como relação às obras não ficarão prontas, a solução encontrada será isolá-las até o fim do evento para retomá-las na sequência. “Nós podemos, vamos dizer assim, tapear as obras de modo que você melhore a operacionalidade sem terminá-las como um todo”, afirma Gustavo do Vale ao lado do ministro da Secretaria de Aviação Civil, Moreira Franco, do diretor da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Marcelo dos Guaranys, e do presidente da concessionária de Confins, Paulo Rangel.

De acordo com o último balanço de andamento, até fevereiro 42% das obras do terminal de passageiros haviam sido executadas, incluindo a instalação das nove pontes de embarque e a instalação de parte do piso de granito. Resta ainda a substituição dos elevadores e das escadas rolantes, além da conclusão da obra de extensão do teto, entre outros. O projeto deveria ser concluído em abril, mas só será entregue em setembro. O terminal provisório teve apenas 41,7% das obras concluídas, deveria ter sido entregue no mês passado, mas a previsão é que fique pronto na primeira semana de maio.

“As pessoas que não viajavam nesse país 10 anos atrás hoje viajam. O processo de distribuição de renda foi mais rápido que o processo de melhoria da infraestrutura. Agora, estamos criando as condições para que isso ocorra o mais rapidamente possível”, afirmou a presidente Dilma Rousseff, presente no evento. Segundo ela, os passageiros estão mais exigentes e querem um serviço aeroportuário cada vez melhor. “O objetivo, de fato, é providenciar a modernização do setor. Um setor que tem crescido extraordinariamente. E reflete uma característica de nosso modelo econômico”, disse.

Segundo a estatal, 33,8% das obras da pista e do pátio foram executadas. O pátio deverá ficar pronto ainda neste mês, mas a pista, só depois da Copa do Mundo. A explicação do presidente da Infraero é que, para ser feita a junção da pista, é preciso reduzi-la temporariamente em 400 metros, o que restringiria consideravelmente a capacidade de operação das aeronaves da TAP. “Pode operar, mas tem que reduzir tanto a carga que a empresa não vê vantagem”, afirma o presidente da Infraero. Com isso, os 600 metros que devem ser acrescidos à pista serão unidos aos 3 mil metros existentes depois de encerrado o evento.

A reforma na pista, no entanto, não será suficiente para as necessidades no terminal. O presidente da Infraero afirma que a concessionária precisará iniciar reforma mais profunda na pista em até dois anos. A obra estava prevista para ser feita pela Infraero. “A pista vai ter que passar por uma reforma importante, profunda. É preciso fazer manutenção da pista depois de 30 anos de uso”, diz ele. A solução para tal obra, segundo ela, pode ser a execução de um paliativo para que a reforma de fato seja feita depois de pronta a segunda pista do aeroporto, que deve ser entregue pelo concessionário até 2020.

Alimentação

Apesar de a Infraero ter feito reforma do terminal de passageiros prevendo a implantação de uma praça de alimentação no terceiro andar, ao lado do restaurante panorâmico, em conversas com o governo federal, a empresa concessionária pediu que o espaço não fosse ocupado pelo setor de alimentação. Com isso, mesmo tendo sido feita a licitação para implantação dos estabelecimentos, os vencedores não assumirão tais espaços.

Segundo a superintendente do aeroporto de Confins, Maria Edwiges Madeira, o local está praticamente pronto para as empresas montarem suas cozinhas. “Aqui teríamos cerca de 12 concessionários, dentro da estratégia da Infraero de colocar, em um mesmo ambiente, várias empresas de alimentação, até para haver concorrência de qualidade e preço. A concessionária tem outra concepção de arquitetura. Faz-se um cancelamento dos contratos. Tudo vai ser revisto”, afirma. Entre os integrantes da praça de alimentação estavam o restaurante e a lanchonete com preços populares.

Caso os contratos fossem assinados e o espaço fosse ocupado por lanchonetes e restaurantes, ao encerrar os contratos, daqui a 12 meses, e concessionária teria que fazer nova reforma para instalá-los no lugar previsto no escopo definitivo. “Já fizemos algumas proposições para evitar o desperdício de dinheiro. A área de restaurante é um exemplo”, afirma o presidente da BH Airport, Paulo Rangel.

Em contrapartida, cinco pontos provisórios de alimentação serão instalados no térreo do terminal durante a Copa do Mundo para atender os passageiros e demais visitantes. No terceiro piso, será instalada uma Fan Zone patrocinada pela Caixa Econômica Federal, com telão, caixa eletrônico e outros equipamentos de entretenimento para as pessoas que aguardam por voos poderem assistir aos jogos.

Terminal deve projetar BH

O primeiro passo da administração da concessionária foi a criação de uma logomarca com o intuito de tornar o aeroporto mais vendável, principalmente no exterior. Os três traços da marca formam um avião e, ao lado, vem a inscrição: BH Airport – Aeroporto Internacional de Belo Horizonte. A proposta é associar o aeroporto à capital do estado, em vez de à cidade de Confins, onde, de fato, ele está instalado. A mudança também era pleiteada pelo governo de Minas.

No dia do leilão, integrante do grupo CCR, um dos três integrantes do consórcio, declarou que uma das metas do grupo era internacionalizar Confins, permitindo aos mineiros viajar para o exterior sem ter que fazer conexão em Rio e São Paulo. O presidente da BH Airport, Paulo Rangel, confirma que as negociações com as companhias aéreas começaram antes mesmo da assinatura do contrato. Uma possibilidade é que rotas sejam criadas entre os aeroportos pertencentes aos operadores privados. Além de Confins, Zurique e Munique, Curação, Bogotá e terminais chilenos e hondurenhos fazem parte dos quadros dos acionistas. “Existe a possibilidade de rotas (com aeroportos) que já tenham conexão com nossos sócios. Está dentro dos planos”, afirma Rangel.

Até a Copa, os novos operadores pretendem revisar elevadores, sanitários, escadas rolantes e principalmente o sistema de combate a incêndio. Para isso, é preciso correr na elaboração dos projetos. A empresa tem 30 dias para apresentar o chamado plano de ações imediatas e a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) tem outros 20 dias para aprová-lo. O prazo é curto. Conta favoravelmente o fato de a empresa ter participado, desde o ano passado, de conversas com o governo federal, o que contribui para agilizar a entrega e aprovação do projeto. Depois disso, são necessários mais 30 dias para a implantação dos itens que integram o plano, como ampliação dos pontos de energia; revisão da iluminação e do sistema de combate a incêndio. Mais 90 dias serão necessários para outros seis pontos do plano, como a implantação da rede de internet sem fio de alta velocidade e a colocação de câmeras no estacionamento. (PRF)


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