A despeito do pequeno alívio dos preços agrícolas no atacado no âmbito do Índice Geral de Preços - 10 (IGP-10) de abril, de 4,27% para 3,84%, o ritmo da desaceleração ainda é muito lento, avaliou nesta segunda-feira, 14, ao Broadcast, serviço de informações da Agência Estado, o economista-chefe do Banco ABC Brasil, Luis Otávio de Souza Leal. Ele conta que esperava elevação próxima a 3,00% para o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) Agropecuário. Apesar disso, conta que, preliminarmente, o Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) pode fechar o quarto mês do ano com taxa perto de 0,80%, ante 1,67% em março.
"O problema é que a velocidade foi menor do que a esperada. Por isso é que o resultado ficou acima da mediana. A composição do índice também (veio mais elevada). Esperávamos pressão menor dos in natura e o complexo de carnes avançando. Já vimos pressão em leites, carnes bovinas e aves avançando quase 3%. Tudo isso vai bater no varejo", estimou. De acordo com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), o IGP-10 de abril atingiu 1,19%. A taxa veio superior à mediana de 1,10% (previsões de 0,84% a 1,38%) da pesquisa do AE Projeções.
Segundo o economista, o comportamento das carnes deve ser a principal incógnita para a inflação ao consumidor deste e do próximo mês, dadas as condições ruins das pastagens, devido ao clima mais seco, e à pressão nos preços da ração, por causa da alta de soja e milho. "O fiel da balança do grupo Alimentação sem dúvida nenhuma serão as carnes", disse.
Na avaliação de Souza Leal, o avanço das carnes no atacado deve pressionar mais a inflação ao consumidor medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de abril e até mesmo a de maio. Segundo ele, se existia uma expectativa de arrefecimento das carnes nas leituras do quinto mês do ano, ela pode cair por terra, dada a forte pressão dos preços ao produtor atualmente. "(A inflação de) Maio pode ficar à metade do que foi março e do que pode ser abril. Mas se não houver alívio em carnes, vai ficar difícil", afirmou, lembrando que no IPCA-15 deste mês, os preços devem subir mais, após alta de 2,25% no IPCA fechado de março.