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Estado de Minas

Apesar do maior uso das termelétricas, reservatórios seguem em baixa

Garantia ainda fica por conta de hidrelétricas. Cenário reforça desequilíbrio no fornecimento


postado em 15/04/2014 06:00 / atualizado em 15/04/2014 07:26

A expansão da geração nas termelétricas não ajudou a reduzir o decréscimo do estoque estratégico de energia nos reservatórios brasileiros. Segundo o Instituto de Desenvolvimento Estratégico do Setor Energético (Ilumina), as termelétricas a gás, óleo, carvão e biomassa estão gerando 4.276 Megawatts (MW) a menos do que sua garantia física de fornecimento. Enquanto isso, as hidrelétricas geram 3.079 MW acima da garantia, assumindo 71% do total da deficiência da geração térmica. De acordo com Roberto D’Araújo, diretor do Ilumina, a deficiência na geração termelétrica, que deveria socorrer o sistema, desequilibrou o fornecimento do insumo no Brasil.

Hoje, segundo o Ilumina, a folga entre a oferta e a demanda de energia no país é de apenas 1.692 MW médios. Ou seja: 2,5%. “O equilíbrio real se dá pela geração e não pela garantia física. Mesmo em janeiro, quando os reservatórios estavam lá embaixo, foram as usinas hidrelétricas que geraram mais energia. Isso significa que há algum problema com o modelo, já que mesmo com os reservatórios em baixa, a opção é gastar mais água do que gerar nas térmicas”, observa. Na maioria do tempo, justifica, as usinas termelétricas estão vendendo energia, mas não estão gerando ou então geram abaixo de suas garantias físicas.

Segundo o Ilumina, por trás da estranheza de hidráulicas gerando mais do que sua garantia física enquanto térmicas geram menos, mesmo sob hidrologia ruim e reserva baixa, há um modelo matemático que estima o custo marginal de operação (CMO), uma espécie de medida do estresse do sistema. O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico considera que um sistema está em equilíbrio quando o CMO médio de várias simulações é igual ao custo médio da energia de uma nova usina. “A lógica é óbvia. Quando o sistema está estressado, é mais barato construir novas usinas”, diz.

Na avaliação de Roberto D’Araújo, o sistema elétrico brasileiro está com sintomas de estresse desde setembro de 2012, quando a energia térmica passou repentinamente de um patamar de 9% da carga para cerca de 20% e, desde então permanece assim. Enquanto isso, o CMO, que oscilava em torno de R$ 400/MWh, agora permanece em R$ 822/MWh. Para o especialista, o indicador que mostraria que o sistema está em equilíbrio não é a comparação das garantias físicas com o consumo, mas o custo médio ser igual ao custo marginal de expansão (CME).

“Estamos com um modelo que induz a usar cada vez mais os reservatórios e assim não há sistema que resista. As térmicas deveriam ter sido ligadas no Brasil há muito tempo, porém só a partir de outubro de 2012, depois da edição da Medida Provisória 579, elas foram acionadas com uma carga mais alta”, observa. Ainda de acordo com ele, a perspectiva da situação para o futuro é péssima. “No sistema brasileiro, um atraso de entrega futura de energia afeta a operação hoje. Por exemplo, se você não pode contar com a energia de Belo Monte, é preciso guardar mais água”. Mesmo sem gerar o que deveriam, de acordo com o Ilumina, o custo das térmicas no país desde outubro de 2012 já está em quase R$ 30 bilhões. E vai ficar pior em 2015. Para comparar, a usina hidrelétrica de Santo Antônio, no Rio Madeira, com capacidade de instalada de 3.580 MW, custou R$ 15 bilhões para ser construída.

Só a Aneel

A Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel) conseguiu ontem uma liminar judicial que susta os efeitos da Portaria 455/2012, incluindo todos os atos já praticados. A União também fica impedida de adotar qualquer ato de aplicação da portaria e deve comunicar a decisão a todos os seus órgãos, em particular, à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e à Câmara de Comercialização de Energia Elétrica. Segundo a decisão do juiz Federal, a portaria 455 é ilegal pois matéria relativa à comercialização de energia elétrica somente poderá ser disciplinada por ato da Aneel e não do Ministério de Minas e Energia, como ocorreu.

Pela portaria, os contratos do ambiente livre precisariam passar a ser registrados com antecedência na Câmara de Compensação de Energia Elétrica (CCEE), que também poderá recolher dados sobre os preços desses acordos para criar um índice de mercado. (Colaborou Antonio Temóteo)

Três irmãos Furnas deu mais um passo para pressionar o sócio privado, o fundo Constantinopla, a desistir da concessão da hidrelétrica de Três Irmãos. A mudança dos cotistas não terá resistência do Tribunal de Contas da União (TCU), nem da Aneel. As normas do leilão não impedem essa mudança, de acordo com o entendimento da agência reguladora. Além disso, o TCU avaliou como positivo o fato da estatal assumir a responsabilidade das eclusas e do canal
na concessão.

Atraso no gás natural

Um ano e oito meses depois de fazer o primeiro furo para a instalação da rede de gás natural residencial que vai servir pelo menos alguns bairros de Belo Horizonte, apenas 3% das ligações de consumidores ao sistema foram concluídas pela Companhia de Gás de Minas Gerais (Gasmig). Ao ser anunciado, a expectativa era de que neste ano todos os bairros da Região Centro-sul, que faziam parte do projeto, estariam recebendo a rede de gás natural canalizado. De acordo com o gerente de implantação de gás residencial da distribuidora, Marcelo Sant’Anna, a previsão agora é para 2017.

Os investimentos no empreendimento, inicialmente estimados em R$ 150 milhões, saltaram para R$ 200 milhões, informou, entre outras coisas em função do aumento do custo dos insumos e do orçamento, que precisa ser revisto à medida que o projeto vai avançando. Até agora, já foram aplicados R$ 30 milhões no projeto. Outros R$ 57 milhões deverão ser investidos até o fim do ano, informou a Gasmig.

Hoje, 1,2 mil apartamentos estão ligados à rede, além de 60 empresas do ramo comercial, entre elas o Minas Tênis Clube, o Hospital Mater Dei, além de restaurantes, padarias e hotéis. A intenção é ligar 40 mil consumidores. De agosto de 2012 até agora, o tronco de aço da rede da Gasmig andou 2 quilômetros. Ao fim do projeto, estima-se que serão 19 quilômetros. Já as ramificações terão uma extensão de 250 quilômetros.

A rede residencial levará o insumo diretamente de uma linha-tronco de aço, derivada do gasoduto já existente sob a Avenida Amazonas, para as ruas dos bairros Santo Agostinho, Lourdes, Savassi, Sion, Belvedere, Buritis e Betânia. A partir da linha tronco será instalada outra rede subterrânea de adensamento em polietileno (Pead) que será responsável por levar o gás natural a um maior número de residências e empresas. Também serão atendidos São Pedro, parte do Santa Lúcia, Estrela Dalva e Palmeira. “Alguns trechos das redes de aço, já têm alvarás, outros não”, explica Sant’Anna. “A gente vai entregando à medida que fica pronto. Vamos crescendo aos poucos”, disse. De acordo com ele, o cronograma de um empreendimento dessa natureza “é vivo” e adaptado e acordo com as restrições que vão sendo encontradas. (ZF)


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