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Estado de Minas

Avanço da economia brasileira em fevereiro é 10 vezes menor que índice atingido em janeiro

Para analistas, os dados sugerem que o Produto Interno Bruto (PIB) dificilmente saltará acima de 1,65% em 2014


postado em 17/04/2014 06:00 / atualizado em 17/04/2014 08:26

Brasília –A expectativa do governo de entregar no último ano de gestão Dilma Rousseff um crescimento econômico mais forte do que a média dos últimos três anos, de apenas 2%, está cada vez mais distante de se materializar. Dados divulgados nessa quarta-feira pelo Banco Central (BC) indicam que a economia avançou 0,24% em fevereiro, desempenho 10 vezes menor que os 2,35% registrados em janeiro. Para analistas, os dados sugerem que o Produto Interno Bruto (PIB) dificilmente saltará acima de 1,65% em 2014.

Mais do que isso. À medida que o crescimento econômico encolhe, dizem os analistas, diminuem as chances de o país retomar taxas de expansão alcançadas durante o segundo mandato do governo Lula, quando o PIB avançou, em média, 4,6% ao ano. Para 2015, a aposta dominante no mercado é que economia cresça apenas 2%.

O cenário não é mais otimista do que o traçado para este ano. “Até agora, todos os dados apontam para resultados fracos tanto na indústria, quanto no comércio”, disse o economista sênior do BES Investimento, Flávio Serrano. Nos últimos três meses, até fevereiro, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-BR) avançou 0,11%. O indicador é considerado termômetro do PIB.


O número poderia ter sido ainda mais baixo não fosse a revisão, anunciada ontem pelo BC, do desempenho de janeiro, de uma alta de 1,26% para 2,35%. Em fevereiro, mesmo a elevação de 0,24% ficou abaixo do que previa o mercado (0,31%). “A economia tem patinado nesses primeiros meses, e, por enquanto, tudo indica que esse quadro deve persistir também em março”, emendou Serrano.

JUROS Parte da frustração com o crescimento econômico, diz o economista, pode ser atribuída à elevação dos juros básicos pelo BC. Desde abril de 2013, a taxa Selic já subiu 3,75 pontos percentuais, saindo da mínima histórica, 7,25% ao ano, para o patamar atual de 11%. Ao avalizar a elevação da taxa pelo BC, a ideia do Palácio do Planalto era frear a disparada dos preços de produtos e serviços e, por tabela, resgatar a credibilidade da política econômica. Para analistas, no entanto, o governo não atingiu nenhum dos objetivos.

Ontem, o diretor de Política Econômica da instituição, Carlos Hamilton, disse que o efeito da alta de juros posta em prática há um ano pelo BC “não é menos eficiente” do que o observado em outros ciclos de aperto na Selic. “A política monetária tem operado adequadamente”, reforçou.

Tombini no Conselhão

Brasília –A alta da inflação nos últimos meses se deve à elevação dos preços de alimentos e será passageira, disse ontem o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, durante a reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o Conselhão, no Palácio do Planalto. “Em março, tivemos um choque de preços de alimentos. O BC vem trabalhando para que isso se circunscreva ao setor”, afirmou ele à plateia de ministros, empresários e sindicalistas. Entre os quadros que apresentou à plateia, o presidente do BC mostrou que as expectativas de mercado divulgadas no boletim Focus do BC apontam para uma inflação de 6,47% neste ano e 6% no próximo.

De acordo com o presidente da autoridade monetária, o déficit em conta corrente deverá ficar em US$ 80 bilhões. Desse total, 63 bilhões deverão ser financiados com investimento externo direto. “É um cenário confortável”, declarou. Ainda durante a apresentação, Tombini mostrou um quadro com o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) desde o quarto trimestre de 2007, o auge da crise global. Na comparação divulgada, o Brasil tem o mesmo desempenho da Coreia do Sul: 17,7% no período. Todas as outras escolhidas ficaram abaixo. México, com 10,2%. Os EUA, com 6,3%. E os países da Zona do Euro com queda de 2,1%. Tombini destacou também a dívida externa de curto prazo, que está em 10,5% do PIB, patamar a que chegou dois anos atrás.

Púlpito presidencial

Tombini foi responsável pelos momentos mais bem humorados da reunião de ontem no Conselhão. Distraidamente, ele usou o púlpito reservado à chefe de Estado, com o brasão da República. Mais tarde, enquanto discursava, Dilma deixou cair os papéis. O presidente do BC se agachou para pegá-los. A presidente não perdoou: "Você está pagando por ter usado o meu pódio". E acrescentou: "O Tombini é tímido, gente. Daqui a cinco minutos ele vai ficar vermelho."


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