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Estado de Minas

Previsão de inflação salta para 6,51% em 2014 e supera teto de meta

Pressão dos alimentos faz estimativa do indicador oficial do custo de vida no país, o IPCA, avançar


postado em 23/04/2014 06:00 / atualizado em 23/04/2014 07:15

Brasília – No que diz respeito às expectativas para a inflação, o governo parece ter perdido de vez a batalha com o mercado financeiro. Em meio a um choque de preços de alimentos, que estão mais caros devido à falta de chuvas, as previsões para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o parâmetro oficial do custo de vida no país, saltaram para 6,51% em 2014. Foi a primeira vez no ano que os bancos e corretoras ouvidos pelo Banco Central (BC) na pesquisa Focus previram uma carestia tão elevada. Mais do que isso. O percentual de 6,51%, caso seja atingido, significaria o fim de um período de 10 anos de rigor com as metas de inflação.

A possibilidade de descumprimento da meta acende um sinal de alerta no Palácio do Planalto. Para garantir que as expectativas de inflação não piorem ainda mais, o governo escalou o diretor de Política Econômica do BC, Carlos Hamilton, para comentar a pesquisa Focus. À reportagem, ele garantiu que os preços cairão abaixo de 6,5% até dezembro. “A visão do Banco Central é de que a inflação, em 2014, estará dentro do intervalo de tolerância fixado pelo Conselho Monetário Nacional”, disse.

O BC se ampara em previsões mais otimistas para a produção agrícola, bastante afetada pela falta de chuvas. “É importante lembrar que a alta recente dos preços de alguns alimentos é passageira”, alertou Hamilton, que observou que “alguns desses preços já estão diminuindo”.


O diretor do BC frisou que a autarquia dispõe de as armas para combater a alta dos preços. “Desde abril do ano passado, o Banco Central vem usando remédio contra a inflação, o aumento dos juros”, disse. Para ele, “parte significativa” da elevação da Selic nesse período, de 3,75 pontos percentuais, aparecerá “até o fim do ano”, reforçou.

O governo entende que as expectativas são um dos principais canais de transmissão da inflação. Ou seja, se os empresários acreditam que os preços devem aumentar, eles reajustam preventivamente suas mercadorias já agora, para evitar prejuízos. Por isso, tamanha preocupação em conter o pessimismo do mercado financeiro. A maior dificuldade, no entanto, será apagar uma imagem de pouco comprometimento com as metas de inflação.

Em três anos de governo Dilma, os preços sempre “namoraram” o teto da meta, de 6,5% ao ano. Em setembro de 2011, o IPCA acumulado em 12 meses chegou a bater 7,31%. O menor patamar alcançado pelo BC no período foi uma inflação de 4,92%, registrada em junho de 2012 – mesmo assim acima do centro da meta de 4,5%.

Os números são percebidos principalmente pelos brasileiros que ganham menos, e que, portanto, sofrem mais com a alta dos preços. Nos últimos três anos, a inflação engoliu, em média, 6% da renda das famílias. Os números, no entanto, tem piorado mês a mês. Em março, o IPCA avançou 0,92%, o maior patamar para o período desde 2003. Para Hamilton, esse é um resultado “com baixa probabilidade de acontecer” novamente.

Não é o que pensa o mercado financeiro, que há sete semanas consecutivas vem elevando as expectativas para a inflação. Para o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno, esse pessimismo com o custo de vida funciona como um combustível à alta dos preços. “Com as expectativas de inflação mais altas, o custo de vida ganha resistência, o que torna mais árdua a tarefa do BC de combatê-lo”, disse.

Tendência de alta

O quadro fica ainda pior se considerar que, nos próximos meses, o custo de vida deverá seguir aumentando, mesmo que dados mensais mostrem recuo. Nas contas do ex-secretário do Tesouro Nacional e economista-chefe do Banco J. Safra, Carlos Kawall, o IPCA deverá encostar nos 7%, no cumulado em 12 meses, no terceiro trimestre do ano, justamente quando a campanha presidencial estará pegando fogo.

 


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