Faltam menos de 50 dias para a Copa do Mundo, e à moda brasileira, prestadores de serviços se preparam para o crescimento da demanda de última hora, que deve ser contratada bem na véspera das partidas iniciais do Mundial de futebol. Bufês, restaurantes, bares e prestadores autônomos de serviços ainda estão aguardando pela confirmação dos clientes, empresas, torcedores e da própria Fifa, que ainda não concluíram suas reservas. Poucos contam com a antecedência que garante planejamento.
Até agora, não há contratos firmados pela Fifa em Belo Horizonte para atender os serviços de bufês dentro do estádio do Mineirão, o que demanda expertise e equipe treinada para trabalhar em turno de 7h às 23h. “Não temos notícias de que o contrato para atender os jogos do Mineirão já tenham sido fechados”, observa João Evangelista Teixeira Filho, presidente do Sindicato dos Bufês de Belo Horizonte e Região Metropolitana (Sindbufê), que reúne 20, entre as maiores empresas do setor da capital. Segundo ele, apesar do tempo voar, a expectativa do setor é de ter um crescimento de no mínimo 15%, em relação ao mesmo período do ano passado, durante os jogos.
O segmento deve surfar na demanda criada do lado de fora do Mineirão, especialmente com os eventos corporativos, organizados por empresas para clientes e funcionários, além das festas particulares, reuniões de amigos que vão se encontrar para assistir os jogos. “Sabemos que vai haver o crescimento da demanda durante o mês. Estamos preparados com pessoal cadastrado para trabalhar, mas acreditamos que os contratos vão acontecer de última hora e o maior peso no custo deve ser a mão de obra”, diz João Evangelista, que também é diretor do bufê Célia Soutto Mayor.
Na Loja das Festas, que trabalha com eventos de grande porte, como casamentos e comemorações de 15 anos, a expectativa não é muito diferente. A empresa está preparada para receber encomendas aos 45 minutos do segundo tempo. “Estamos preparados para atender esses pedidos durante o Mundial, especialmente com o aluguel de mobiliário usado para assistir os jogos, copos, pratos e talheres. Os pedidos devem ser feitos até mesmo por restaurantes e bares, que vão ter nesses dias um público maior que o comum e vão precisar de material extra”, aponta Denise Bittencourt, assistente da empresa. Ela comenta que ao mesmo tempo em que as encomendas de menor porte devem estar aquecidas, grandes eventos, como os casamentos vão disputar a agenda depois da Copa.
Desde o início do ano, a Associação de Garçons e Profissionais Similares de BH está encaminhando seus associados para cursos de inglês oferecidos pelo Sindicato dos Hotéis, Restaurantes e Bares (Sindhorb-MG). O presidente Delson de Moura, que também é garçon experiente, diz que o mercado está bastante aquecido para o profissional da área e ele ainda espera um crescimento da demanda na ordem de 60% durante a Copa. A projeção está ligada à expectativa de maior público festejando e frequentando bares. Apesar disso, os contratos efetivos para os dias dos jogos, ainda não foram fechados. Os profissionais aguardam o chamado dos bufês, bares e restaurantes. Mas Delson Moura não está preocupado. Ele acredita no bom movimento e prevê alta nas diárias do pessoal durante os jogos. “A diária do garçon para trabalhar por seis horas é de R$ 145, mas terá um aumento em maio, que é nosso mês de reajuste. Na Copa do Mundo os eventos são longos, foi assim na Copa das Confederações. Devido a essa carga horária maior, o preço do serviço pode aumentar”, avalia.
Mesmo sem a confirmação de presença, negócios de pequeno e grande porte estão se preparando para atender e não acreditam que os convidados deixem de comparecer. O Sintralamac, sindicato que reúne trabalhadores como os manobristas e operadores de automóveis, informa que cerca de 1,5 mil autônomos devem trabalhar durante a Copa em Belo Horizonte. “Vão atender brasileiros e estrangeiros”, diz o presidente da entidade, Martim dos Santos. Ele conta que em maio será promovido um encontro no sindicato para divulgar regras e orientações de bom atendimento. “Não deu para aprender inglês ou outra língua, mas vamos oferecer ao turista estrangeiro e também aos brasileiros cordialidade VIP”, resume o presidente. Segundo ele, os manobristas e guardadores de automóveis filiados ao sindicato serão orientados a ficar atentos também à segurança do turista. “Qualquer acontecimento, podemos comunicar à polícia.”
Quem já fez gol
Do lado de quem já tem parte da comemoração garantida, Fernando Júnior, presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes em Minas Gerais (Abrasel), explica que muitos estabelecimentos terão recorde de público em junho. Ele, que também é dono da Churrascaria Porcão, aponta que a casa já tem reservas fechadas para os dias de jogos, especialmente por estrangeiros, e espera ter um movimento até 50% maior que o registrado em igual período do ano passado. Para ele, na capital dos botecos, o setor vai se beneficiar. “O turista vai querer experimentar os programas típicos da cidade.”
Flávio Trombino, um dos proprietários do Restaurante Xapuri, considera que seu negócio foi duplamente beneficiado. “Estamos na Pampulha, próximos ao Mineirão, e somos restaurante temático e regional.” Ele espera ter um movimento 60% maior durante a Copa do Mundo e diz que para alguns jogos já está com 90% da casa reservada. “Podemos ter filas de espera, mas vamos atender bem a todos.” Ele conta que a casa já está preparada. “Contratamos profissionais bilíngues, que falam inglês. Nosso cardápio também já está pronto, em inglês, espanhol e português.” Para ele e para sua mãe, a chef Nelsa Trombino, mais do que os petiscos e comida regional, o que vai fazer o turista ter vontade de voltar é a hospitalidade.