A greve de advertência iniciada a partir dos primeiros minutos de hoje pelos funcionários da Eletrobras não vai afetar o fornecimento de energia elétrica e, portanto, não vai prejudicar a população. Esta é informação dada à Agência Brasil pelo diretor do Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Energia do Rio de Janeiro e Região e da Associação dos Empregados da Eletrobras, Emanuel Mendes Torres.
Segundo Mendes Torres, o movimento atinge 90% a 95% dos 21 mil funcionários da Eletrobras, que trabalham nas 16 empresas da holding, em todo o país – dos quais cerca de 4 mil somente no Rio de Janeiro. “A orientação do sindicato foi no sentido de que a parte operacional do Sistema Eletrobras continue a trabalhar normalmente e por isto o fornecimento de energia para a população não será afetado”.
O sindicalista disse que o movimento objetiva pressionar a empresa a efetuar o pagamento sobre Participação dos Lucros e Resultados relativo a 2014 e discutir com os representantes dos empregados os rumos da empresa, que segundo ele vem sendo sucateada nos últimos anos e perdeu a sua capacidade de investimento.
A Agência Brasil manteve contato com a assessoria de imprensa da Eletrobras, que divulgará uma nota sobre o movimento ainda hoje. Já a Eletrobras, subsidiária do grupo, onde a paralisação atinge também cerca de 90% dos funcionários, informou que as duas usinas nucleares sobre a sua responsabilidade (Angra 1 e Angra 2) operam normalmente e que os serviços não foram afetados pelo movimento. A reivindicação dos funcionários da Eletrobras sobre o pagamento do percentual na Participação nos Lucros e Dividendos acontece mesmo com a empresa tendo registrado prejuízos nos últimos anos.
Dados da estatal indicam que em 2013 a holding teve um prejuízo líquido de R$ 6,2 bilhões; prejuízo este que em 2012 chegou a R$ 6,8 bilhões. Os funcionários entendem que essas perdas são decorrentes de decisões tomadas pelo governo e pela direção da empresa, que descapitalizou a Eletrobras e tirou o seu poder de investimento.
“É por isso que nós também queremos discutir com o governo os rumos da Eletrobras. Por conta das decisões tomadas no ano passado, a empresa ficou descapitalizada e as empresas subsidiadas perderam a capacidade de investimento. Além disso, nós perdemos cerca de 4 mil trabalhadores a partir do Programa de Demissão Incentivada e, atualmente, os quadros da empresa não são suficiente para fazer frente à demanda e realizar os trabalhos de manutenção de um sistema complexo e frágil. A situação é ainda mais grave se levarmos em conta que não há perspectiva da realização de concurso público”, disse.