Se o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) não tem agradado, o mesmo não se pode dizer dos resultados dos bancos. Apenas o Bradesco, a segunda maior instituição privada do país, reportou lucro líquido de R$ 3,443 bilhões nos três primeiros meses do ano, um crescimento de 18% sobre o mesmo período de 2013. Foi o maior lucro já registrado pelo banco para um primeiro trimestre, segundo cálculos da consultoria Economática. A Bradesco Seguros também divulgou resultados ontem. O faturamento do grupo atingiu R$ 11,5 bilhões no trimestre, alta de 4,5% em relação a igual período de 2013.
Os números vieram acima do que projetava o mercado, o que ajudou a alavancar os papéis do banco negociados em bolsa. As ações ordinárias (com direito a voto no conselho do Bradesco) fecharam em alta de 1,95%. Já as preferenciais tiveram alta de 1,82%.
Alguns dos resultados que agradaram os investidores foram a melhora da carteira de crédito do banco e a redução de 8,5% nas despesas operacionais. A estratégia do Bradesco, dizem os analistas, foi reduzir a concessão de crédito de maior risco, como o automotivo, e apostar em linhas com menor índice de calotes. Não por acaso, as operações de crédito imobiliário e consignado cresceram, nos últimos 12 meses, respectivamente, 36,5% e 25,2%.
Ao reduzir a exposição a riscos, o banco pôde separar menos dinheiro para cobrir possíveis calotes de clientes. As provisões de perdas com devedores duvidosos caíram 3,4%, nas contas dos analistas da BB Investimentos. A melhora da carteira também ajudou a reduzir a inadimplência para 3,4% das operações, o menor patamar desde dezembro de 2008.
INÍCIO DE ANO
O mesmo não se pode dizer dos atrasos entre 61 e 90 dias, que subiram em todas as comparações feitas pelo banco. Para o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, o dado trimestral “não representa nenhuma tendência de piora” para os próximos meses. “Esse incremento (da inadimplência de curto prazo) está relacionado à sazonalidades de início de ano”, ele disse, reforçando os gastos de famílias com tributos como o Imposto Predial Urbano (IPTU) e sobre Veículos Automotores (IPVA). Em 2014, o Bradesco espera queda da inadimplência, puxada, sobretudo, pelo menor nível de calotes das pessoas físicas.
A aposta do grupo em reduzir as concessões de crédito com maior risco levaram a um menor crescimento da carteira de financiamentos do banco. No trimestre, a expansão foi de 10,4%, no piso das metas traçadas pelo próprio Bradesco, que variam entre 10% e 14% para 2014. Trabuco disse que o resultado já era esperado, mas sinalizou que o banco buscará expandir sua carteira de crédito ao longo do ano.
SEGUROS
A Bradesco Seguros emitiu R$ 11,450 bilhões em prêmios de seguros no primeiro trimestre de 2014, montante 4,5% maior que o registrado em um ano, de R$ 10,953 bilhões. Em relação ao último trimestre do ano passado, porém, foi verificada queda de 21%, devido a fatores sazonais. O lucro líquido da operação de seguros do Bradesco foi a R$ 1,040 bilhão no primeiro trimestre, aumento de 11,8% em relação ao visto em igual intervalo de 2013. Na comparação trimestral, foi registrado incremento de 3,9%. A Bradesco Seguros respondeu por 30% do lucro líquido ajustado do banco nos três primeiros meses deste ano.