Surfando nos bons ventos do mercado do reforço escolar em Belo Horizonte, a professora de biologia Jane Rabelo abriu em setembro do ano passado uma unidade da franquia Tutores. Como o nome já indica, o foco está na educação multidiscplinar. O negócio, instalado na Região Sul da capital, oferece acompanhamento para as tarefas escolares e também reforço, que pode ser feito na própria unidade ou na casa do aluno. Jane conta que decidiu abrir o negócio depois de começar a estudar com seu filho Arthur, de 11 anos, e com os amigos dele. “Aqui ajudamos o aluno a se organizar para o estudo, a dividir o seu tempo, a se focar para ir bem na escola e nos seus estudos pela vida.”
Os gastos dos brasileiros com educação privada atingiram R$ 55,8 bilhões em 2013, mais que o dobro dos R$ 26,7 bilhões observados em 2002, segundo pesquisa do Instituto Data Popular. O avanço dos investimentos no setor tem dado fôlego para novos negócios que surgem para apoiar o desempenho escolar do aluno. Entre as franquias, por exemplo, o segmento educação e treinamento está entre os que mais crescem, e, no ano passado, avançou 16,6% em relação a 2012.
A professora Jane diz que está surpreendida com a demanda em sua franquia. Apesar de ser nova no mercado, ela conta que tem alunos durante todo o dia. Satisfeita, acredita que abriu seu negócio no momento certo, quando a procura das famílias pela atividade está em ascensão. A unidade atende da educação infantil à universidade, mas a maior procura vem do ensino fundamental. As aulas de reforço custam a partir de R$ 50. “Hoje, os pais não têm tanto tempo e em casa são muitas as atividades que tiram o foco da criança.” Ela conta que, em 2013, a microfranquia, que tem investimento de R$ 30 mil para unidades nas capitais, foi eleita a melhor do ano na modalidade por uma revista especializada em pequenas empresas.
Ana Luisa Guimarães, de 12, está no reforço para conseguir melhorar seu desempenho em geografia, história e ciências. “Está me ajudando muito.” A estudante diz que com as aulas vai conseguir manter as boas notas. Ana estuda à noite, depois da escola, e de manhã. “Com o tempo que me sobra gosto de ler e ficar no computador.”
RECORDE JAPONÊS
Franquia que está no país desde 1977, o Kumon, método de ensino japonês, atingiu recorde em número de alunos. São 160 mil no país e 13 mil em Minas. Para este ano, o crescimento projetado é de 7%. O gerente do Departamento de Planejamento e Pesquisa da franquia, Júlio Segala, diz que o investimento inicial para abrir uma unidade é de R$ 50 mil. O maior público são os estudantes até a sexta série. “Também aumentou bastante a procura por pré-escolares.” Segundo Segala, o objetivo do método não é reforçar o conteúdo, mas formar o aluno para o autodidatismo. No Japão, o Kumon, que surgiu em 1958, tem 1,4 milhão de alunos. No Brasil, os 160 mil estudantes da rede pagam mensalidade entre R$ 160 e R$ 170 por duas aulas por semana.
Dados da Associação Brasileira de Franquias (ABF) apontam que o setor de educação e treinamento faturou em 2013 R$ 7,5 bilhões, crescimento de 16,6% em relação ao ano anterior. “Este setor está entre os que mais crescem e avançou muito também no interior de Minas”, diz Danyelle van Straten, diretora regional da ABF no estado. “Esse segmento é a menina dos olhos do setor, e tem expectativas de continuar crescendo de forma bem forte nos próximos anos.”