De novo. As obras de reforma do terminal de passageiros do Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, vão atrasar mais uma vez. É a terceira vez que a Infraero prorroga a entrega das obras. A expectativa agora é que a parcela da reforma prevista para a Copa do Mundo seja concluída somente no mês que vem, não mais em abril. O atraso pode forçar até mesmo a Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República a adiar o teste operacional previsto para 13 de maio, reforçando a necessidade de “tapeação” durante o evento esportivo. Até o momento, segundo o Portal da Transparência, 43% das intervenções foram executadas. O terminal provisório e as obras da pista e do pátio de aeronaves também serão entregues somente no mês que vem, com atraso.
Por contrato, a obra deveria ser entregue em dezembro de 2013, 27 meses depois do início das intervenções. O processo, no entanto, foi marcado por trapalhadas, com a empresa contratada para fazer o projeto executivo atrasando a entrega de documentos. Sem o projeto em mãos, o grupo Marquise/Normatel, contratado para executar a obra, atrasava também sua parte. A bola de neve de adiamentos gerou uma guerra nos bastidores do aeroporto, culminando no rompimento do contrato com a projetista e a contratação de uma nova empresa. A lentidão, no entanto, persistiu.
No primeiro semestre do ano passado, a Infraero admitiria que a obra, à época com de menos de 25% do total executado, não ficaria pronta a tempo. O contrato teve que ser prorrogado para agosto de 2014 e a obra dividida em duas fases: uma a ser entregue antes da Copa do Mundo e outra depois.
Logo depois da visita do ministro da Aviação Civil, Moreira Franco, ao aeroporto, em fevereiro, o consórcio e a Infraero fecharam uma lista com 25 itens que deveriam ser entregues até abril. Entre outras intervenções, está prevista a instalação de granito no saguão, de seis elevadores, balcões de check-in, oito escadas rolantes e nove pontes de embarque, além da ampliação do estacionamento e da transferência da praça de alimentação. Alguns itens foram retirados da lista anterior. No que seria a praça de alimentação, por exemplo, apesar de o novo espaço ter sido todo reformado, as empresas não serão instaladas a pedido da concessionária.
O ministro, à época, disse à diretoria das empresas que, caso as intervenções não ficassem prontas até abril, eles teriam “outro tipo de conversa”. Incisivo, no meio do saguão do terminal de passageiros, Franco disse aos representantes das empresas que fizessem o que fosse necessário. “Coloque mais gente, faça o necessário”, disse ele.
Dois meses depois, durante a cerimônia de assinatura do contrato de concessão do aeroporto, o presidente da Infraero, Gustavo do Vale, afirmou que a estatal iria “tapear” as obras inacabadas. A intenção é esconder dos turistas o que não ficar pronto. Uma das formas seria a colocação de tapumes, segundo disse Vale aos repórteres na cerimônia.
Os atrasos já obrigaram a Infraero a assinar dois aditivos para prorrogar a duração do contrato e, em entrevista ao Estado de Minas, o consórcio já admitiu ser necessário novo prolongamento. O primeiro deles foi assinado em maio do ano passado, ao custo de R$ 500 mil. Em janeiro, a estatal assinou o segundo termo, no valor de R$ 17,3 milhões. Com isso, o total a ser gasto subiu de R$ 223,9 milhões para R$ 241,7 milhões, alta de 7,94% em relação ao valor inicial.
ACIMA DO LIMITE
A entrega do terminal provisório e das obras da pista e do pátio de aeronaves também sofrerá atraso. Inicialmente, o “puxadinho” seria concluído em março, mas a Infraero garante que até o mês que vem a adequação do antigo terminal de aviação civil às necessidades de um terminal de passageiros será finalizada. A obra deve ampliar a capacidade de Confins em 3,9 milhões de passageiros por ano, desafogando a operação, que ultrapassou seu limite no ano passado. Por enquanto, somente 42% dessas obras foram finalizadas.
As reformas da pista e do pátio de aeronaves também foram adiadas. As intervenções seriam entregues até amanhã. O pátio deve ser entregue no próximo mês. A pista, no entanto, será concluída somente no segundo semestre, segundo o presidente da Infraero, Gustavo do Vale. A junção da pista de pouso com os 600 metros adicionais só pode ser viabilizada com a interrupção de parte dos 3 mil metros atuais, o que deve ser feito depois da Copa do Mundo. O balanço de abril mostra que apenas 34% dessas obras foram feitas.