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Estado de Minas

Economistas ouvidos pelo EM alertam para estouro do teto da meta da inflação

Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de abril será divulgado hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)


postado em 09/05/2014 06:00 / atualizado em 09/05/2014 08:45

Brasília – Apesar de o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmar constantemente nos últimos dias que a inflação está “arrefecendo” e “sob controle”, os especialistas são unânimes em alertar que o quadro atual é preocupante. A reportagem do Estado de Minas ouviu 13 economistas, e todos demonstraram inquietação em relação ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de abril, que será divulgado hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mesmo com todas as projeções apontando para um número menor que a alta de 0,92% de março, que superou todas as expectativas do mercado.

Os especialistas estimam um estouro do teto da meta estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 6,5% ao ano, a partir de maio ou julho. E, para piorar, não há um consenso se o indicador retornará para a banda de tolerância, de dois pontos percentuais acima e abaixo da meta, de 4,5% ao ano, até dezembro. Aliás, o número dos que apostam no rompimento do teto no ano vem crescendo, especialmente depois de os Top 5, grupo dos economistas que mais acertam as projeções do Boletim Focus do Banco Central (BC) desta semana, preverem um IPCA de 6,54% neste ano.

Outros esperam bem mais inflação em 2014: 7%, como é o caso do economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale. “Inflação controlada seria se ela estivesse em 4,5% e o governo sinalizasse uma meta menor nos próximos anos. Com inflação tendendo a ficar acima de 6,5% neste ano e no ano que vem, a última expressão que deveria ser usada é que a inflação está controlada”, comentou. O economista-chefe do BES Investment Bank, Jankiel Santos, está cada vez mais convencido de que o IPCA poderá estourar o teto da meta em dezembro, mas ele ainda está esperando mais dados para elevar suas projeções para o ano. “A inflação deverá encerrar o ano perto do teto da meta, mas o que preocupa é que a disseminação continua muito forte, em torno de 60%. Ou seja, a maioria dos itens do IPCA estão ficando mais caros”, destacou.

Na avaliação de Santos, o governo não vai sinalizar um ajuste fiscal para tirar apenas das mãos do Banco Central a fatura desse IPCA alto. O BC deverá se posicionar até o fim deste mês se mantém o ciclo de aumentos da taxa básica de juros da economia (Selic), atualmente em 11% ao ano. Essa também é uma das preocupações do economista-chefe da Gradual Investimento, André Perfeito. Ele se inclui entre os mais otimistas – ele fez a menor projeção do IPCA de abril: 0,68% — e que evitam criticar o atual governo. No entanto, ele não concorda que a inflação está controlada, como afirma Mantega. “Ela começa a desacelerar neste meio de ano, mas afirmar que ela está sob controle é exagero. O problema é que a inflação pesa no bolso do brasileiro, que está cada vez mais endividado. Por isso, é importante que o governo tome cuidado, controlando a inflação de todas as formas possíveis. Não adianta só elevar os juros. Isso pode criar um problema maior, que é o aumento da inadimplência”, explicou.

Efeitos colaterais As previsões dos 13 economistas para o IPCA de abril oscilaram entre 0,62% e 0,83%, o que faz com que a taxa acumulada em 12 meses possa ficar entre 6,29% e 6,45%. Esses dados estão bastante próximos da mediana das estimativas do mercado, que, de acordo com o Focus do Banco Central, é de 0,80%, no mês, e 6,40%, em 12 meses, e cada vez mais próximo do teto da meta, de 6,5% ao ano. Para os especialistas, os alimentos in natura continuarão entre os principais vilões da inflação. A falta de chuva também está afetando os custos da energia e os mais recentes reajustes estão ocorrendo acima do esperado. O economista Étore Sanches, da LCA Consultores, aposta que o IPCA estoure o teto a partir de maio. “Os reajustes nas contas de luz já começaram e estão vindo acima das projeções, e duas das maiores cidades do país, Rio e São Paulo, ainda não aumentaram as tarifas, e o peso dessas duas capitais no IPCA é elevado”, completou.

Mais pressão na batalha por salários

Brasília
– Os servidores públicos federais ameaçam deflagrar uma greve geral a partir de 10 junho, dois dias antes da abertura da Copa do Mundo de 2014. Em busca de reajustes salariais para diversas categorias do funcionalismo, a Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef) aprovou ontem um indicativo de paralisação por tempo indeterminado. A definição ou não do movimento paredista ocorrerá em uma nova assembleia marcada para o próximo 30. Os reajustes salariais vão ser uma pressão a mais sobre a inflação. Além dos servidores, categorias importantes, como petroleiros e metalúrgicos, têm data-base no segundo semestre.

O secretário-geral da Condsef, Sérgio Ronaldo da Silva, explicou que os servidores querem que a terceira parcela do reajuste no contracheque de 5%, prevista para janeiro de 2015, seja antecipada para este ano. Essa mudança abriria uma brecha para que os representantes do funcionalismo negociassem com o Executivo um novo reajuste para 2015. Ele ainda detalhou que entre os pleitos das diversas categorias estão o aumento de benefícios, como auxílio-alimentação, além do cumprimento dos acordos assinados em 2012, que previam a criação de adicionais de fronteira, por exemplo.

Caso a greve geral ocorra, os efeitos para o cidadão serão sentidos durante a Copa do Mundo. Nos aeroportos, portos e rodovias, policiais federais e auditores da Receita Federal , por exemplo, deixariam de controlar o acesso de turistas estrangeiros e de bagagens. Além disso, museus, monumentos históricos e outros pontos turísticos podem ficar fechados sem a presença de servidores do Ministério da Cultura. Esses últimos decidiram cruzar os braços por tempo indeterminado a partir de segunda-feira.


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