Rio, 09 - A queda na produção industrial em março ante fevereiro foi verificada nas regiões com mais peso nesta atividade, como São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Rio Grande do Sul, observou o técnico Rodrigo Lobo, da Coordenação de Indústria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). "O que chama atenção é que os principais Estados industrializados brasileiros são os que estão entre as taxas negativas mais intensas", disse Lobo.
Em março, sete das 14 regiões pesquisadas pelo IBGE tiveram queda na produção ante fevereiro. O Mato Grosso, recentemente incluído pelo instituto no rol de regiões, ainda não conta com dados ajustados sazonalmente e, por isso, ainda não aparece na estatística neste tipo de comparação.
Na média nacional, a produção industrial caiu 0,5% em março contra o mês anterior, mas o recuo foi mais intenso no Rio Grande do Sul (-3,0%), Paraná (-2,1%), Rio de Janeiro (-1,0%) e em São Paulo (-0,9%). Em Minas Gerais, a queda foi marginal, de 0,2%, mas o Estado também cumpre papel importante no setor manufatureiro.
A redução no ritmo da produção paulista foi influenciada principalmente por veículos automotores e máquinas e equipamentos, que tiveram um desempenho ruim no mês de março. "Não por acaso, essas duas atividades tiveram maior impacto negativo na produção nacional", ressaltou Lobo. Em março, a produção brasileira de veículos recuou 2,9%, enquanto a de máquinas e equipamentos caiu 5,3%. Com isso, os dois setores foram influências negativas também nas demais regiões.
Adicionalmente, o Rio Grande do Sul ainda sofreu pressão da indústria de bebidas, que perdeu ritmo. No Paraná, a manufatura de móveis, outros produtos químicos e produtos de metal também tiveram reduções. No Rio de Janeiro, alimentos e bebidas completaram o quadro de atividades que mostraram desempenho inferior ao do mês de fevereiro.
Em Minas Gerais, a indústria de máquinas e equipamentos seguiu tendência inversa e registrou alta. Além disso, a pressão do setor de veículos foi forte, mas quase anulada pelo bom desempenho dos setores extrativo e metalúrgico. "Esses setores têm tido comportamento mais dinâmico após um 2013 difícil", afirmou Lobo.
"A desvalorização recente do dólar acabou ajudando essas atividades, que são predominantemente exportadoras, a elevar sua competitividade", acrescentou o técnico. Ele ressaltou ainda que a valorização do real entre março e abril não deve anular esse efeito, que costuma visar mais o longo prazo.
O desempenho dos dois setores surpreende também por impulsionar a produção nas regiões de Pará e Espírito Santo. Elas tiveram crescimento de 1,6% e 1,3%, respectivamente, no volume produzido. "O comportamento positivo acaba influenciando o Estado como um todo", disse Lobo.