Apesar de o setor automotivo ter registrado queda nas vendas de 12,1% em abril, na comparação com o mesmo mês do ano passado, este foi o segundo melhor resultado para meses de abril "de toda a história", segundo o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan. Ao todo, foram licenciados 293.240 no mês passado, ante 333.738 em abril de 2013, o recorde histórico para meses de abril.
Moan destacou ainda que o desempenho dos segmentos de ônibus e caminhões foi "insatisfatório" nas comparações com 2013. Em abril, as vendas de caminhões caíram 22% e as de ônibus, 19,7%, em relação ao mesmo mês do ano passado. No entanto, várias medidas foram adotadas desde o final de março e poderão "ser um divisor de águas", segundo o presidente da Anfavea.
"São três mudanças: o retorno do PSI simplificado, comunicado no último dia 2 de maio, a redução da parcela de entrada obrigatória no PSI e o fim da limitação de financiamento para os grande grupos, que era de R$ 200 milhões de crédito", ressaltou Moan.
"Três carnavais"
A Copa do Mundo e as eleições vão ter um impacto negativo nas vendas do setor automotivo em 2014, de acordo com o presidente da Anfavea. "Nos dias de jogos do Brasil, esperamos um movimento quase nulo nas concessionárias", afirmou Moan. Ele destacou ainda a possibilidade de os clientes "emendarem" dias de jogos com finais de semana e feriados nacionais. Questionado se a retração dos negócios devido aos calendários esportivo e eleitoral seria compensada em outros meses, Moan foi taxativo. "Venda perdida é venda perdida. A análise do nosso setor comercial é de que há impacto", afirmou.
Flexibilização do mercado
Moan, afirmou que ainda negocia com sindicatos possíveis medidas relacionadas à flexibilização do mercado de trabalho. "O setor ainda está na fase de conversa com os sindicatos sobre qual a melhor proposta", afirmou. "Com o governo nem falei ainda. Enquanto não fechar com os sindicatos, não vou levar nada", acrescentou Moan.
Em abril, Moan defendeu a proposta de ampliação do programa de lay-off (suspensão temporária dos contratos de trabalho), que prevê o uso de dinheiro do seguro-desemprego para pagar parte do salário dos empregados afastados.
Crédito
Moan voltou a afirmar que o setor automotivo precisa de mais crédito. Ele reconheceu que a disponibilidade de oferta do sistema bancário é alta, mas avaliou que a seletividade de análise na concessão está muito restrita. "A régua de seletividade tem que mudar de patamar", defendeu. "No ano passado, cerca de 50% das propostas de financiamento foram recusadas. Isso significa 1,6 milhão de pedidos não aprovados, o que representa quase 50% das vendas do ano passado", afirmou, destacando ainda haver "espaço" para o setor.