No quinto mês do ano, o mercado continua ruim para o setor automotivo. E o resultado negativo já é sentido na ponta pelo varejo. Para driblar o mau momento, concessionárias têm apostado em promoções e no corte de custos operacionais, seguidos, em último caso, de demissões. Com recuo da produção de 12% nos quatro primeiros meses de 2014, resultado de uma queda de 5% nas vendas e de quase 32% nas exportações no mesmo período, algumas lojas da capital já registraram redução de até 10% no quadro de funcionários. No meio dessa turbulência, porém, se beneficiam os consumidores que podem conseguir descontos de até 12% e vantagens para comprar o carro zero quilômetro.
O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan, alertou nos últimos dias que o estoque é preocupante porque continua elevado, mesmo após a maioria das empresas reduzir a produção com medidas como férias coletivas. Há quase 400 mil veículos parados nas fábricas e concessionárias, em comparação aos 387, 1 mil no fim de março. “O que temos é um descompasso entre as vendas e a nova capacidade de produção”, disse na sexta-feira, destacando que o setor planeja grandes investimentos em novos modelos e na expansão da capacidade produtiva.
Para o presidente do Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos de Minas Gerais (Sincodiv-MG), Mauro Pinto de Morais Filho, com o mercado em queda e custos operacionais batento à porta todo dia, a redução de estrutura tem sido forçosa, variando de acordo com cada montadora. “De uma maneira geral, a tendência é de redução de quadro e de despesas”, garante ele, lembrando que o movimento não é abrupto, mas tem sido constante. “Em três meses demiti 20 funcionários. Passei de 129 para 109”, detalha. Como forma te tentar reverter a situação, ele conta que as lojas têm apostado em descontos todos os dias e aceitado negociações com margens apertadas. “Muitos têm oferecido taxas subsidiadas de 0,49% ou 0,99%, descontos e IPVA”, adianta.
O consultor automotivo da DDG Consultoria Automotiva, Luiz Carlos Augusto, revela que para o consumidor o momento é realmente interessante. “Se antes ele brigava por 3% ou 4% de desconto, agora pode brigar por até 12%, que é o mesmo desconto que ocorre na venda direta, no atacado”, afirma. Ele lembra ainda a possibilidade de apertar a negociação e conseguir fazer boa compra. O indicado, porém, é ficar de olho nas taxas de juros, que podem comprometer o benefício. “Se ele (consumidor) faz o financiamento, consegue mais fácil o desconto, mas quem vendeu recupera isso na taxa de juros. Portanto, o desconto é realmente interessante para aqueles que compram à vista”, sugere.
ESTRATÉGIAS
Ainda de acordo com o especialista, as concessionárias têm sido pressionadas pelas montadoras a comprar determinado pacote de carros, mas em contrapartida recebem incentivos por meio dos feirões e desconto em nota direta de fábrica, que facilitam a negociação. Antônio João Teixeira, diretor da Mila Volkswagen da Pampulha e Antônio Carlos, diz que o excesso de ofertas têm forçado a queda dos preços. “O momento está muito bom para quem quer comprar e exige muito esforço e criatividade por parte do concessionário”, afirma. Entre as estratégias para vender mais, ele destaca taxa zero em alguns modelos, IPVA de graça e descontos de até R$ 12 mil em carros mais caros, como o Amarok.