O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que a gasolina tem tido aumento todo ano no Brasil. "Não é verdade que as tarifas são represadas", afirmou durante audiência pública na Câmara dos Deputados ao ser questionado sobre a entrevista concedida pelo ministro da Casa Civil, Aloisio Mercadante, ao jornal Folha de São Paulo, na qual afirma que o governo tem segurado os preços para não pressionar a inflação.
Mantega falou que a gasolina tem tido, em média, dois reajustes por ano e normalmente acima da inflação. Ele argumentou que alinhar os preços do combustível ao preço internacional não é simplesmente fazer uma correção pela inflação. Disse que em momentos de desvalorização cambial fica difícil fazer o alinhamento do preço doméstico com o internacional. Segundo ele, no reajuste dos preços da gasolina em abril de 2013 houve um alinhamento com os valores internacionais. No entanto, a decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) no mês seguinte de reduzir a política de estímulos monetários causou nova turbulência, com reflexo na taxa de câmbio, desalinhando os preços.
"Não é recomendável que se faça um reajuste tempestivamente. É preciso esperar passar a turbulência e depois fazer o realinhamento de preços", afirmou. Segundo ele, esse realinhamento dos preços domésticos com o internacional está sendo buscado. Mantega, no entanto, disse que não anuncia reajuste no preço da gasolina porque mexe com o mercado. Ele também afirmou que os preços administrados têm sido reajustados, como de remédios e tarifas para o prêmio lotérico. "O preço de energia subiu. Foi feito o reajuste. Onde está o represamento dos preços? Estamos reajustando preço da energia, sim", afirmou. Mantega disse que não ter lido a entrevista de Mercadante ainda.
Ainda com relação ao reajuste no preço da gasolina, o ministro concluiu dizendo que se ficasse falando sobre o assunto "poderia ser incomodado pela CVM. Eu poderia ser arguido se estaria influenciando o mercado", afirmou. Mantega disse que reajuste dos combustíveis não se discute, se anuncia quando tem o preço. "Se vai ter um dia? Com certeza, mas não sei o dia e nem quanto", afirmou diante da insistência do deputado Mendonça Filho (DEM-PE).