A Organização Internacional do Trabalho (OIT) vai lançar, nesta terça-feira, 20, um programa para tentar erradicar o trabalho escravo no setor têxtil brasileiro que envolve, em muitos casos, bolivianos, paraguaios e peruanos. O plano custará perto de US$ 3,5 milhões e será em parte financiado pelo governo dos Eestados Unidos.
Segundo a chefe do Programa de Combate ao Trabalho Forçado da OIT, Beate Andrees, o foco da entidade passará das zonas rurais para as grandes cidades. "Por muitos anos tivemos nossas atividades focadas na Amazônia e em outras áreas rurais com o objetivo de liberar trabalhadores que atuavam no setor da cana-de-açúcar e de madeira", disse Beate.
"Agora, vemos que o problema também é importante nos centros urbanos, principalmente no setor têxtil", disse ao jornal O Estado de S. Paulo. Segundo ela, parte do dinheiro para combater o fenômeno será injetada pelo Ministério do Trabalho no Brasil. Mas tanto a OIT quanto o governo americano vão colocar recursos. "Nosso objetivo é erradicar o problema nas grandes cidades, em especial nas confecções."
Redes como a Gregory, Zara, Cori, Emme e Luigi Bertolli estão entre as suspeitas de usar trabalho forçado. As estimativas apontam que 300 mil bolivianos vivam em São Paulo, além de 70 mil paraguaios e 45 mil peruanos. Até 2013, 128 bolivianos e um peruano foram resgatados em fábricas clandestinas na cidade.
Redes varejistas foram responsabilizadas por manter trabalho em condição análoga à de escravo: Lojas Marisa, Pernambucanas, Gregory, Zara e Gep. Até 2013, 300 autos de infração foram emitidos, resultando no pagamento de R$ 6,5 milhões em multas. Os fiscais do Ministério do Trabalho vão reforçar as autuações, enquanto um pacto será feito com a indústria têxtil brasileira para garantir um controle no fornecimento de peças. "A ideia é de que o setor seja sustentável", disse Beate.