“Bola na trave não altera o placar/Bola na área sem ninguém pra cabecear/Bola na rede pra fazer o gol/Quem não sonhou em ser um jogador de futebol?” A pergunta cantada pela banda mineira Skank na música É uma partida de futebol é respondida, com largo sorriso no rosto, pelos amigos Caíque Pereira, de 10, Clayton Marrone, de 12, e Tiago da Silva, de 13: “Eu quero ser um jogador de futebol”, dizem em coro. Os meninos moram em pequenos barracões no aglomerado Morro do Papagaio, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, onde há um campinho rodeado por casas de madeira e cimento sem reboco e cuja parte do gramado já deu lugar ao chão batido. Lá, eles jogam futebol com bolas de diferentes materiais e preços, porque, garantem, um bom atleta se forma com qualquer tipo de pelota.
O comércio da capital vende bolas acessíveis a todas as classes sociais. Muitos moradores do Morro do Papagaio costumam adquirir as pelotas no armarinho do Braz, uma das mais famosas do aglomerado. A redonda mais em conta negociada no local sai a R$ 2,50. Trata-se de uma mercadoria conhecida entre os peladeiros como dente-de-leite. O produto é feito de plástico, portanto, fácil de furar, mas cai bem nos pés de crianças com idade inferior a 5 anos, pois são leves. “Elas têm boa saída”, conta Tânia Gomes, funcionária do Braz, onde também são negociadas bolas com o rosto de jogadores e imagens dos estádios da Copa.
“Essas têm saída melhor ainda e custam R$ 17,50”, acrescenta Tânia. A alguns quilômetros de lá, no Centro de Belo Horizonte, dentes-de-leite também são encontradas na loja Seam por diferentes preços. A mais barata custa R$ 2,99. “A Copa do Mundo impulsionou nossas vendas. Em relação à média dos outros meses, o aumento foi de mais ou menos 70%”, calcula Fabrícia Anselma, subgerente do ponto comercial. Nos shoppings, a Brazuca, a bola oficial da competição, pode ser encontrada a R$ 399. O produto leva butileno e poliuretano termoplástico.
Os diferentes materiais e preços de pelotas praticados no comércio de Belo Horizonte são o tema da última série da reportagem “O Negócio da Bola”, que o Estado de Minas publica desde domingo. A bola com que os amigos do Morro do Papagaio costumam “bater uma pelada” é uma cópia da Jabulani, a pelota oficial usada na Copa do Mundo de 2010, na África do Sul. “Ela já está toda surrada (praticamente sem couro). Ganhei de presente de aniversário”, mostra Caíque, acrescentando que a redonda, hoje, custa em torno de R$ 18.
Os primos Sávio Luiz Pereira Batista, de 13, e Jonathan Dênis Pereira, de 15, também sonham ser atletas profissionais. Sempre que podem, eles vão ao campo do Pitangui, no Bairro Concórdia, na Região Noroeste da cidade, onde brincam de chutes a gol. Um dia, recorda o mais novo, ele chegou em casa e sua mãe havia comprado a redonda para lhe presentear no aniversário: “Ela fez uma surpresa para mim. Custou R$ 50 e foi comprada na Leda Modas, ali no Concórdia, perto da Praça México”.
Um dos sócios da Leda Modas, João Carlos Mendanha, conta que vende bolas de vários preços. “De R$ 4 a R$ 90. Bola é um produto bom, por exemplo, para presentear em aniversário. Vendo muito as redondas importadas da China, em razão de preços. Aqui, elas saem a R$ 22,90”, disse João Carlos. A bola que a mãe de Sávio comprou, atualmente, sai a R$ 54,90 e é da marca Topper. O sócio da Leda Modas adquire os produtos da marca diretamente com um escritório de São Paulo que representa a empresa – o EM entrou em contato com a representação da Topper no Brasil, mas não obteve retorno.
Na casa do promotor de merchandising Mirley de Freitas há uma Brazuca, a bola oficial da Copa do Mundo no Brasil. “Ela é muito bonita e chama atenção pelas cores e design”, diz o rapaz, que também tem uma Cafusa, a pelota usada na Copa das Confederações no Brasil, em 2013.
Festa do varejo por R$ 6 em SP
São Paulo – Na tradicional Rua 25 de Março, em São Paulo, a bola de plástico sai por R$ 6, mas é mais indicada para crianças pequenas e enfeites. Para sua loja no local, o libanês radicado no Brasil há 40 anos Pierre Sfeir encomendou 5 mil unidades em uma fábrica em Indaiatuba, a 90km de São Paulo. "Se o Brasil avançar às semifinais, essa quantidade pode dobrar", diz ele, que, como bom libanês, não revela a margem de lucro que obtém na venda das bolas. No entanto, Sfeir confirma que, na Copa, a margem com a venda do produto será o dobro da obtida em um mês normal. O faturamento, segundo ele, só rivaliza com o carnaval – quando as vendas de fantasias e adereços explodem –, mas pode ultrapassar a folia do início do ano, caso o Brasil chegue à finalíssima.
Perto da loja de Sfeir, no coração de São Paulo, há quatro unidades da loja Armarinhos Fernando, que possui, certamente, o maior estoque de bolas de futebol da região: 70 mil unidades. A esperança é que tudo seja vendido até o final da Copa do Mundo. Como se trata de um atacadista, há pedidos de até 1 mil bolas de uma só vez, que custam entre R$ 9,90 e R$ 24,90. "Todas são fabricadas na China", entrega o gerente Ondamar Ferreira.
Há bolas para todos os gostos, sempre nas cores do Brasil: amarelo, verde, azul, dourado. A mais próxima de uma oficial é uma réplica da Cafusa, que foi a bola da Copa das Confederações, vendida no estabelecimento por R$ 24,90. Os materiais são o vinil e o couro sintético.
Segundo os comerciantes entrevistados pelo EM, a venda de bolas na região deve ultrapassar as 100 mil unidades, podendo chegar a 120 mil (considerando desde a mais barata, de R$ 6, até as oficiais, de R$ 399). Como a média de preço fica em torno dos R$ 15, a receita da 25 de Março, só em bolas, pode chegar facilmente a
R$ 1,5 milhão até o fim da Copa do Mundo.
O comércio da capital vende bolas acessíveis a todas as classes sociais. Muitos moradores do Morro do Papagaio costumam adquirir as pelotas no armarinho do Braz, uma das mais famosas do aglomerado. A redonda mais em conta negociada no local sai a R$ 2,50. Trata-se de uma mercadoria conhecida entre os peladeiros como dente-de-leite. O produto é feito de plástico, portanto, fácil de furar, mas cai bem nos pés de crianças com idade inferior a 5 anos, pois são leves. “Elas têm boa saída”, conta Tânia Gomes, funcionária do Braz, onde também são negociadas bolas com o rosto de jogadores e imagens dos estádios da Copa.
“Essas têm saída melhor ainda e custam R$ 17,50”, acrescenta Tânia. A alguns quilômetros de lá, no Centro de Belo Horizonte, dentes-de-leite também são encontradas na loja Seam por diferentes preços. A mais barata custa R$ 2,99. “A Copa do Mundo impulsionou nossas vendas. Em relação à média dos outros meses, o aumento foi de mais ou menos 70%”, calcula Fabrícia Anselma, subgerente do ponto comercial. Nos shoppings, a Brazuca, a bola oficial da competição, pode ser encontrada a R$ 399. O produto leva butileno e poliuretano termoplástico.
Os diferentes materiais e preços de pelotas praticados no comércio de Belo Horizonte são o tema da última série da reportagem “O Negócio da Bola”, que o Estado de Minas publica desde domingo. A bola com que os amigos do Morro do Papagaio costumam “bater uma pelada” é uma cópia da Jabulani, a pelota oficial usada na Copa do Mundo de 2010, na África do Sul. “Ela já está toda surrada (praticamente sem couro). Ganhei de presente de aniversário”, mostra Caíque, acrescentando que a redonda, hoje, custa em torno de R$ 18.
Os primos Sávio Luiz Pereira Batista, de 13, e Jonathan Dênis Pereira, de 15, também sonham ser atletas profissionais. Sempre que podem, eles vão ao campo do Pitangui, no Bairro Concórdia, na Região Noroeste da cidade, onde brincam de chutes a gol. Um dia, recorda o mais novo, ele chegou em casa e sua mãe havia comprado a redonda para lhe presentear no aniversário: “Ela fez uma surpresa para mim. Custou R$ 50 e foi comprada na Leda Modas, ali no Concórdia, perto da Praça México”.
Um dos sócios da Leda Modas, João Carlos Mendanha, conta que vende bolas de vários preços. “De R$ 4 a R$ 90. Bola é um produto bom, por exemplo, para presentear em aniversário. Vendo muito as redondas importadas da China, em razão de preços. Aqui, elas saem a R$ 22,90”, disse João Carlos. A bola que a mãe de Sávio comprou, atualmente, sai a R$ 54,90 e é da marca Topper. O sócio da Leda Modas adquire os produtos da marca diretamente com um escritório de São Paulo que representa a empresa – o EM entrou em contato com a representação da Topper no Brasil, mas não obteve retorno.
Na casa do promotor de merchandising Mirley de Freitas há uma Brazuca, a bola oficial da Copa do Mundo no Brasil. “Ela é muito bonita e chama atenção pelas cores e design”, diz o rapaz, que também tem uma Cafusa, a pelota usada na Copa das Confederações no Brasil, em 2013.
Festa do varejo por R$ 6 em SP
São Paulo – Na tradicional Rua 25 de Março, em São Paulo, a bola de plástico sai por R$ 6, mas é mais indicada para crianças pequenas e enfeites. Para sua loja no local, o libanês radicado no Brasil há 40 anos Pierre Sfeir encomendou 5 mil unidades em uma fábrica em Indaiatuba, a 90km de São Paulo. "Se o Brasil avançar às semifinais, essa quantidade pode dobrar", diz ele, que, como bom libanês, não revela a margem de lucro que obtém na venda das bolas. No entanto, Sfeir confirma que, na Copa, a margem com a venda do produto será o dobro da obtida em um mês normal. O faturamento, segundo ele, só rivaliza com o carnaval – quando as vendas de fantasias e adereços explodem –, mas pode ultrapassar a folia do início do ano, caso o Brasil chegue à finalíssima.
Perto da loja de Sfeir, no coração de São Paulo, há quatro unidades da loja Armarinhos Fernando, que possui, certamente, o maior estoque de bolas de futebol da região: 70 mil unidades. A esperança é que tudo seja vendido até o final da Copa do Mundo. Como se trata de um atacadista, há pedidos de até 1 mil bolas de uma só vez, que custam entre R$ 9,90 e R$ 24,90. "Todas são fabricadas na China", entrega o gerente Ondamar Ferreira.
Há bolas para todos os gostos, sempre nas cores do Brasil: amarelo, verde, azul, dourado. A mais próxima de uma oficial é uma réplica da Cafusa, que foi a bola da Copa das Confederações, vendida no estabelecimento por R$ 24,90. Os materiais são o vinil e o couro sintético.
Segundo os comerciantes entrevistados pelo EM, a venda de bolas na região deve ultrapassar as 100 mil unidades, podendo chegar a 120 mil (considerando desde a mais barata, de R$ 6, até as oficiais, de R$ 399). Como a média de preço fica em torno dos R$ 15, a receita da 25 de Março, só em bolas, pode chegar facilmente a
R$ 1,5 milhão até o fim da Copa do Mundo.