O ministro de Minas e Energia Edison Lobão tranquilizou nesta quarta-feira empresários do país sobre a situação do setor elétrico brasileiro. Em reunião com representantes de diversos estados, na Confederação Nacional da Indústria (CNI), o ministro garantiu que o país tem geração suficiente e um sistema de transmissão compatível com o que o país necessita, e não deverá passar por um racionamento de energia, como houve em 2001.
Lobão admitiu que os reservatórios das hidrelétricas da Região Sudeste registraram no início do ano a pior seca dos últimos 80 anos e que o setor elétrico viveu a sua “prova de fogo”. Aliado a isso, foram registrados recordes de demanda de energia por causa do forte calor dos primeiros meses de 2014. “Esse quadro foi suficiente para que alguns especialistas passassem a anunciar o caos no setor elétrico. Se apressaram em anunciar que, assim como em 2001, haveria racionamento de energia em todo o país, mas felizmente isso não aconteceu e não acontecerá. E com a graça de Deus, mesmo em um futuro distante, não ocorrerá”, disse.
Segundo Lobão, a situação do sistema é muito diferente da de 2001, quando não havia planejamento a longo prazo e o sistema de transmissão não era interligado. De acordo com o ministro, de 2001 a 2013 o consumo de energia cresceu 51% no país, mas a capacidade de geração cresceu 73%. “Estamos portanto, em matéria de geração, sempre além do uso previsto”. Além disso, de acordo com Lobão, foram construídos 41 mil quilômetros de redes de transmissão desde 2001, o que garante a capacidade de transmissão de energia entre as regiões. Ele disse que, em 2001, em algumas regiões do país até havia energia sobrando, mas não era possível transmitir para outras regiões do pais. “Hoje temos geração suficiente e transmissão adequada”, comparou Lobão. Segundo ele, investimento no setor até 2022 será de R$ 260 bilhões, sendo que 77% será em geração e 23% em transmissão de energia.
Lobão criticou notícias que dizem que o desconto no preço da energia anunciado pelo governo em 2012 está sendo anulado com os reajustes das tarifas aprovados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Ele explicou que o que houve em 2012 foi uma redução estrutural da tarifa e não um congelamento e que as revisões devem continuar sendo feitas, acompanhando o ritmo da economia nacional e seguindo as regras do mercado. “Os reajustes que se fizeram foram sobre uma base já reduzida estruturalmente. Se na época a tarifa fosse de R$ 100, com a medida do governo, caiu para R$ 80, uma redução de 20%. Daí por diante, os reajustes se deram não mais sobre os R$ 100, e sim sobre os R$ 80.
Sobre críticas de que o governo não está tomando atitudes mais duras em relação à situação do sistema elétrico, Lobão garantiu que o governo só fará o que for necessário. “Não vamos tomar nenhuma decisão tipo heroica desnecessariamente, seria impacientar a opinião pública e os interesses nacionais com uma medida grave, eventualmente desnecessária”
O presidente da Empresa de Pesquisa Energética, Maurício Tolmasquim, também disse que, apesar da hidrologia ruim, o setor não está “apavorado” porque atualmente tem mais usinas geradoras de energia e foram instaladas o dobro de linhas de transmissão. “O Brasil tem um sistema elétrico muito robusto, que está em equilíbrio estrutural e apesar de termos passado o início do ano e ainda termos afluência abaixo da média histórica, temos condições de passar por essa prova porque temos um sistema diferenciado”.
O diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico, Hermes Chipp, informou que é esperado até o fim de novembro um nível de 79% nos reservatórios do Sudeste e Centro-Oeste, além do início do fenômeno El Niño, no fim de agosto, que se caracteriza por chuvas mais acentuadas no Sul do país. O diretor-geral do Centro de Pesquisa de Energia Elétrica da Eletrobras, Albert Melo, disse que o setor está em estado de atenção, com monitoramento permanente. Mas, segundo ele, apesar da hidrologia ruim, não houve uma deterioração dos níveis de abastecimento dos reservatórios.