O freio imposto às vendas da indústria automobilística leva a cortes de produção nas fábricas da Fiat Automóveis, de Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, e da marca Mercedes Benz, em Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira. A montadora italiana confirmou nessa quarta-feira ter reduzido à metade o ritmo fabril da linha 4, responsável pelos modelos Linea, Idea e Bravo, para se ajustar ao mercado. Com a alteração, a companha pôs fim ao regime de horas extraordinárias que estão sendo cumpridas e realocou parte dos trabalhadores em outras atividades da unidade industrial. De acordo com a assessoria de imprensa da Fiat, a estratégia significou uma redução inferior a 10% da produção total diária de 3 mil carros.
Em Juiz de Fora, a fábrica da Mercedes Benz diminuiu em 20%, neste mês, a jornada, passando a trabalhar quatro dias por semana, depois de já ter concedido férias coletivas de 20 dias em abril e maio a 450 empregados, dos atuais 900. A montadora não divulga informações relativas a volume de produção, limitando-se a informar que está adequando a fábrica ao momento de desaquecimento do mercado brasileiro, assim como adotou medidas restritivas com este fim à produção em São Bernardo do Campo, no ABC paulista.
Com a redução da produção da montadora italiana, o Sindicato dos Metalúrgicos de Betim, Igarapé e São Joaquim de Bicas está apurando denúncias de que a empresa teria feito demissões a conta-gotas daqueles trabalhadores que não foram remanejados. Os cortes teriam recaído, segundo informações levadas ao presidente do sindicato, João Alves de Almeida, sobre empregados que estavam há menos de um ano em serviço. A entidade só tem controle sobre as rescisões de contratos com duração superior a um ano, as quais, por lei, homologa. “As informações que chegaram ao sindicato dão conta de que a empresa demitiu 400 pessoas com menos de um ano de casa no último mês”, afirma Almeida.
Audiência
Na tentativa de contornar os efeitos da redução do ritmo da fábrica da Mercedes Benz, o Sindicato dos Metalúrgicos de Juiz de Fora pediu audiência na Câmara Municipal e a intermediação da delegacia regional do Ministério do Trabalho e Emprego, mas representantes da empresa não compareceram. A instituição registra 130 demissões homologadas desde setembro do ano passado. A assessoria do presidente do sindicato, João César da Silva, informou que ele foi comunicado em reunião, na segunda-feira, de que a montadora alemã vai paralisar a produção por 52 dias intercalados no período de julho a dezembro para se adequar à demanda menor no mercado brasileiro e à retração das exportações para a Argentina, deixando de produzir 200 caminhões Actros. A empresa não confirma as informações.