O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu, por unanimidade, em reunião realizada ontem manter a taxa básica de juros, a Selic, em 11% ao ano. A taxa, usada como instrumento para influenciar a atividade econômica e balizar a inflação, fica estável depois de nove altas seguidas. A manutenção prevista pela maior parte do mercado financeiro coloca fim ao aperto monetário iniciado em abril de 2013 – quando a Selic estava em 7,50%.
A decisão de manutenção da taxa de juros foi bem recebida pelo comércio varejista, embora os juros, ainda considerados altos, sejam prejudiciais à economia brasileira, sobretudo ao setor. À medida que a Selic sobe, o custo do crédito encarece, reduzindo o consumo das famílias. Segundo a Câmara dos Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH), a expectativa é que, mesmo com um desempenho pouco satisfatório, o comércio da capital em 2014 tenha crescimento moderado, em torno de 3,5%. “Para o varejo, quanto menor for a taxa de juros melhor, pois o consumo é estimulado, dando possibilidade às empresas de praticarem preços menores, investirem em infraestrutura e realizarem novas contratações”, afirmou o presidente da CDL/BH, Bruno Falci.
O presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), Olavo Machado Júnior, lembrou os desafios do setor e defendeu a manutenção como uma decisão acertada. “É uma posição sensata que pondera a atual fragilidade da conjuntura econômica nacional”, diz. Machado lembrou resultados como o crescimento de apenas 0,4% da produção física da indústria brasileira no primeiro trimestre em relação ao mesmo período de 2013, além de baixos índices de confiança dos empresários e dos consumidores. “São ingredientes que, sem dúvida alguma, levam à perda de força da inflação. Portanto, o mais ponderado neste momento é o Banco Central esperar os efeitos desse atual patamar da taxa de juros sobre a economia, antes de querer aumentar ainda mais.”
PÉ NO FREIO
O doutor em economia e coordenador do Núcleo de Estudos de Política Monetária (Nepom) do Ibmec/MG, Claudio Shikida, garante que o resultado será, no primeiro momento, de maior tolerância à inflação, mas que há risco de um cenário econômico pouco favorável até outubro, mês das eleições. “Manutenção da Selic não é um cenário que me agrada. A inflação alta demora ceder”, diz. Para o consumidor, ele considera que esse é o momento de continuar com o pé no freio. “Qualquer um que observa as taxas de inflação, sabe que não é boa ideia se endividar.”