O conjunto dos últimos trimestres, mais o resultado divulgado nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para o Produto Interno Bruto (PIB) dos três primeiros meses deste ano, sinalizam “uma franca desaceleração da economia”, afirmou o economista Vinícius Botelho, do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getulio Vargas.
O PIB aumentou 1,9% em comparação ao primeiro trimestre do ano passado, com alta de 0,2% sobre o último trimestre de 2013. O resultado já incorpora os dados da produção industrial, que elevaram o PIB de 2013 de 2,3% para 2,5% e revisaram o resultado do último trimestre do ano passado de 0,7% para 0,4%, lembrou o economista.
Segundo Botelho, o acúmulo de oferta de capital menor, provocado pelo fato de o país investir menos, compromete o crescimento ao longo dos próximos anos. De acordo com o economista, há uma desaceleração forte da indústria de forma geral, com exceção do setor elétrico, o que já era mostrado pela produção industrial mensal. No entanto, os sinais de recuperação na indústria extrativa são “erráticos”, o que dificulta uma continuidade sustentável ao longo do tempo.
Na avaliação de Botelho, a principal leitura que se faz do resultado do PIB do primeiro trimestre “é negativa, de desaceleração ao longo do tempo”. “É uma leitura de um PIB que está ficando pior e vai ficar pior ainda por algum tempo”. Usualmente, o segundo trimestre mostra um resultado melhor. Apesar disso, o economista do Ibre/FGV aposta em um prognóstico ruim.
“Porque a gente vai ter um resultado ruim da indústria da transformação. Em abril, a nossa expectativa é uma queda bastante forte. As pesquisas do Ibre estão em patamares bastante baixos e a gente tem, em junho, a Copa do Mundo, que acaba afetando a produção porque tem um número menor de dias para trabalhar. Então, a leitura para o segundo trimestre ainda é muito ruim”.
Apesar do prognóstico negativo, Botelho acredita que o crescimento do PIB este ano vai ser positivo. As atividades que mostram desaceleração, como a indústria da transformação e o setor da construção civil, devem fechar 2014 negativos. No entanto, outras atividades dentro do PIB funcionam como colchões que impedem que a desaceleração seja muito forte. Um exemplo é a produção de itens da administração pública.
O Ibre-FGV estava trabalhando com uma estimativa de crescimento de 1,8% para o PIB no ano, mas esse número deve ser revisado para baixo, chegando a 1,5%. “A gente vai revisar para baixo o PIB do ano fechado”, adiantou o economista.