São Paulo, 03 - Descontos, taxa zero para financiamento, preço de funcionário e vale combustível, entre outras promoções oferecidas durante o mês pela maioria das fabricantes, não conseguiram animar o consumidor de veículos novos. Em maio, as vendas caíram 7,2% na comparação com o mesmo mês do ano passado e praticamente empataram com as de abril, que teve um dia útil a menos.
Incluindo caminhões e ônibus, foram licenciados no mês passado 293,4 mil veículos, ante 293,2 mil em abril e 316,2 mil em maio de 2013. No acumulado do ano, a queda foi de 5,5%, contra 5% de retração até o primeiro quadrimestre. Nos cinco meses do ano, as vendas somaram 1,399 milhão de unidades.
Segundo dados preliminares do mercado, só o segmento de automóveis e comerciais leves caiu 7,5% no confronto com maio de 2013 e somou 278,4 mil unidades. Na comparação com abril, a queda foi de 0,6%. A média diária de vendas, contudo, teve retração de 5,3% em relação a abril e de 7,5% frente a um ano atrás.
Nesse segmento, as vendas totalizaram 1,334 milhão de unidades de janeiro a maio, queda de 5,1% no comparativo com igual período do ano passado. O reflexo na produção são os constantes anúncios de férias coletivas, lay-off (suspensão temporária dos contratos de trabalho) e programas de demissão voluntária (PDV) por todas as grandes fabricantes.
Frágil
Para o economista da LCA Consultores, Rodrigo Nishida, o desempenho fragilizado do mercado de automóveis e comerciais leves deve-se a fatores conjunturais e estruturais. "Neste ano o preço dos veículos subiu, principalmente por causa da recomposição parcial do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), bem como da taxa de juros, por causa do ciclo de elevação da Selic."
Segundo Nishida, esses dois fatores, aliados à confiança do consumidor em patamares muito baixos, explicam parte da queda das vendas.
Outro motivo é estrutural, afirma o economista. "O mercado cresceu a taxas elevadas nos últimos anos, fazendo a penetração de veículos ser muito maior hoje do que era há dez anos e isso traz uma evidente diminuição do potencial de crescimento. Também contribuíram para a queda a grande antecipação de compras em 2012 e 2013.
Ajuste
O sócio-diretor da consultoria GO Associados, Fábio Silveira, vê este ano como de ajuste para a indústria automobilística. "Com crescimento baixo do PIB (Produto Interno Bruto), massa salarial em queda e crédito caro, o mercado deve encolher", afirma.
Por enquanto, Silveira não vê chances de uma virada nas vendas. "Até o primeiro semestre de 2015 o mercado continuará nessa pasmaceira", diz. "O que precisa é uma queda de juros e de impostos para abrir espaço para investimentos e capital de giro mais barato", completa.
Na quinta-feira, 5, a Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) vai divulgar o balanço de produção, exportações e emprego do setor e deve rever para baixo as projeções feitas no início do ano.
A indústria previa crescimento de 1,1% nas vendas em relação a 2013, quando somaram 3,76 milhões de veículos), de 1,4% na produção (que foi de 3,7 milhões de unidades) e 1,6% nas exportações (566 mil).
A vizinha Argentina, que em 2013 ajudou a indústria brasileira a ampliar as exportações em 26,5% e a produção em 10%, este ano também enfrenta crise e não dará a mesma contribuição.
Montadoras e governo estudam há mais de um mês para melhorar o comércio bilateral com os argentinos e um pacote para retomada do crédito no mercado brasileiro, mas, por enquanto, nada saiu do papel.
Mais vendidos
A Fiat segue como líder de vendas no País, com 21,1% de participação em maio. A Volkswagen recuperou o segundo lugar, com 18% dos negócios, mas muito próximo à General Motors, que voltou ao terceiro posto, com 17,6%. A Ford manteve-se em quarto lugar, com 8,8%, seguida por Renault, com 7,6%, e Hyundai, com 7,1%.
Entre os modelos mais vendidos, o Gol segue no topo da lista, com 15.187 unidades em maio, seguido por Palio (14.910), Strada (12.615), Onix hatch (11.696), Fiesta hatch (10.976) e Sandero (9.912). As informações são do jornal
O Estado de S. Paulo.