Os governos do Brasil e da Argentina acertaram a renovação do acordo automotivo por mais um ano com a volta do mecanismo "flex", pelo qual se cria uma proporção entre exportações e importações para que o comércio bilateral fique isento de Imposto de Importação.
O Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, apurou que o acordo fechado na terça-feira, 3, em Brasília pela ministra de indústria da Argentina, Débora Giorgi, e o ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do Brasil, Mauro Borges, não agradou à Associação Nacional de Veículos Automotores (Anfavea).
O governo brasileiro, segundo fontes, concordou em restabelecer o flex em torno de US$ 1,6 ou US$ 1,7. A Anfavea era contra a volta do flex, mas para evitar uma perda maior defendeu que o índice ficasse pelo menos no mesmo patamar que vigorou até junho do ano passado, de US$ 1,95. A entidade chegou a sugerir um flex de US$ 2,05. Buenos Aires queria que para cada dólar importado pelo Brasil em produtos automobilísticos da Argentina, o Brasil teria direito de exportar US$ 1,3 para o país vizinho sem tarifa.
Piso baixo
A preocupação da Anfavea é que o novo flex crie um piso baixo para o acordo definitivo que ainda será negociado ao longo dos próximos 12 meses. Na prática, o flex entre US$ 1,6 e US$ 1,7 atende às necessidades do comércio bilateral. As exportações brasileiras não atingem esse patamar. O valor definitivo será fechado nos próximos dias.
Desde julho do ano passado, as vendas bilaterais de automóveis e autopeças estavam no livre-comércio.
A Anfavea defendia a prorrogação do acordo por mais dois anos nos termos atuais. Porém, os negociadores argentinos, mais uma vez, foram duros nas reuniões. Sem uma renovação do acordo automotivo, que vence no dia 30 de junho, as vendas dos dois países poderiam voltar a ser taxadas por Imposto de Importação.
Uma nova reunião foi marcada para quarta-feira da próxima semana em Buenos Aires. Em nota, o governo argentino informou que ambos os lados "coincidiram na importância de definir os últimos aspectos das negociações na capital argentina", com a presença do ministro de Economia Axel Kicillof. Se o valor do flex for fechado até lá, há uma possibilidade de que o termo de renovação do acordo seja assinado nesse dia.
Além do acordo, ambos os governos se comprometeram a trabalhar nos próximos quatro meses na composição de uma lista de autopeças que podem ser fabricadas e homologadas no bloco regional. E quais devam ser importadas. O objetivo é reduzir a importação de autopeças de terceiros países de fora do Mercosul.