As obras do terminal de passageiros do Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, serão suspensas hoje para que o espaço receba os turistas durante a Copa do Mundo. Em tese, a reforma deveria ser retomada logo após o evento esportivo para a conclusão do projeto, ainda pela metade. No entanto, na prática, a suspensão pode se prolongar por mais tempo, caso a Infraero demore a entregar o novo planejamento financeiro e liberar novas frentes de trabalho da obra.
O consórcio Marquise/Normatel cobra da estatal a entrega do projeto executivo e a indicação das próximas etapas a serem executadas. E põe em dúvida a continuidade da obra: “Os serviços restantes serão suspensos durante o período da Copa do Mundo, podendo ser retomados logo após o fim do evento, caso a Infraero ajuste o planejamento financeiro e libere as frentes de trabalho e a execução”, diz nota da empresa. Os contratados dizem que a estatal deve apresentar o planejamento depois da Copa do Mundo. Mas reitera que “sem este planejamento o consórcio fica impossibilitado de retomar as atividades”.
A empresa cobra da Infraero a liberação de novas frentes de trabalho praticamente desde o início do contrato. A lentidão na elaboração de projetos inclusive resultou no rompimento do contrato com a primeira empresa contratada para fazer os projetos de engenharia. O consórcio responsável pelas obras diz que o atraso é resultante da lentidão da outra empresa na entrega dos estudos.
E falta muito a ser feito. Depois do evento esportivo, restará fazer a reforma o setor de desembarque internacional; a instalação de elevadores; a construção do edifício que abrigará o setor comercial; a instalação de parte das novas esteiras de bagagem; sala de embarque remoto, doméstico e internacional, entre outros. A integração dos novos sistemas eletrônicos também é outra etapa que falta ser feita. Até abril, último balanço divulgado pelo governo federal, 47% da obra havia sido executada, segundo o Portal da Transparência.
SEM TAPUMES
A aproximação da partida inicial da Copa do Mundo obriga a empresa contratada para as obras do terminal de passageiros a desfazer os tapumes e desmobilizar os operários para tornar o espaço mais apresentável para os visitantes que chegam de outros estados e países. Sem os “muros de madeira” que impediam o ir e vir dos passageiros por parte do terminal, o espaço disponível no aeroporto mineiro é significamente ampliado, mas isso não quer dizer que as obras estão perto de serem concluídas.
O local que mais causa impacto na rotina dos passageiros é o térreo. Antes tapadas, as áreas já estão praticamente abertas para o trânsito de pessoas. Resta somente a abertura da última entrada em frente à área de check-in da Gol. No espaço, nem mesmo o piso de granito foi completamente instalado. Isso, apesar de a Infraero informar que o saguão e o desembarque do terminal 3 foram concluídos no domingo. No restante do espaço, os jardins estão plantados, mas ações importantes ainda não foram feitas, como a instalação dos elevadores panorâmicos e transferência dos postos de check-in.
Apesar do que se vê, o consórcio Marquise/Normatel diz que “praticamente todos os serviços programados para esta etapa foram concluídos, restando apenas arremates de acabamento, além da retirada de equipamentos e limpeza final do local”, diz trecho da nota encaminhada pelas empresas. Os serviços que serão executados antes da Copa do Mundo devem ser concluídos hoje. Os restantes serão suspensos durante o Mundial. Segundo a Infraero, o cronograma dos serviços que ainda faltam para serem feitos será redefinido após os jogos. O planejamento da obra do terminal deverá ser feito em conjunto com a concessionária BH Airport, que a partir de agosto assume a administração do aeroporto de Confins.
Hoje, pelo menos três novas unidades do setor de alimentação serão finalmente liberadas, com atraso. No saguão do terminal será inaugurada a Cafeteria Suplicy, a Chopperia Backer e a Lanchonete Subway. Ontem, os gerentes das unidades analisavam currículos e contratavam os últimos funcionários, e já treinavam os contratados para o atendimento. Por enquanto, das novas redes prometidas, só as lanchonetes Do Rosa e Bob’s, a Cafeteria Delta e o restaurante self-service Confins Gourmet foram inaugurados. Outras duas redes – Batata Inglesa e Carl’s Junior – vão compor o setor de alimentação do aeroporto. A Infraero informa que a previsão é que até quinta-feira todos os estabelecimentos estejam em funcionamento.
Apesar do aumento do número de opções para alimentação, o maior incômodo aos passageiros será mantido: os altos preços. A solução para o webdesigner André Maia foi comprar uma “quentinha” destinada aos operários da obra. Ele diz ser contraditório o acesso ao setor aéreo ter sido facilitado e os valores adotados para os usuários de aeroportos permanecer nas alturas. “As companhias aéreas, para competir, estão com preços que favorecem todas as classes. A Infraero tinha que seguir o mesmo modelo”, afirma Maia, que cobra a instalação do restaurante com preços populares prometido pela estatal, mas que não vai mais sair do papel. O contrato foi cancelado, assim como de outras unidades que seriam instaladas na praça de alimentação.
No terminal provisório, segundo operários, resta a substituição de piso, a colocação de portas e de parte do forro do teto, entre outros arremates. O contrato para conclusão da unidade foi adiado para julho, como dito na semana passada pelo superintendente regional da Infraero, Silvério Gonçalves.
Rodoviária nova fica no papel
Nada de um terminal novo com 70 mil metros quadrados ao lado de um shopping center e um hotel. O projeto da Prefeitura de Belo Horizonte para a construção de uma nova rodoviária, no Bairro São Gabriel, até a Copa do Mundo, nem começou a sair do papel. Diferentemente do prometido, às vésperas de a bola rolar, só ações básicas foram adotadas pela prefeitura para melhor receber turistas no terminal rodoviário: um balcão de informações; a implantação de um sistema de áudio trilíngue e placas de sinalização em português e inglês.
Com o objetivo de aliviar o trânsito no Hipercentro, a nova rodoviária ainda é só promessa. O terminal atual receberia somente ônibus urbanos. Ao todo, seriam investidos mais de R$ 100 milhões segundo informações da prefeitura à época das audiências públicas em 2011. A obra deveria ter sido entregue até dezembro. Em vez disso, segundo a Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Supecap), “no momento está havendo desapropriações e remoções”. (PRF)