A ida do Brasil para as Oitavas de Final da Copa do Mundo impulsionou a demanda por hospedagem em Belo Horizonte. Nos novos hotéis, construídos para atender aos turistas no Mundial, praticamente já não há mais vagas para a sexta-feira, sábado – dia em que o Brasil enfrenta a seleção chilena no Mineirão – e domingo. “Já tínhamos 80% das vagas reservadas antes da goleada brasileira de 4 X 1, na segunda-feira. Agora estamos com 100% de ocupação. Depois disso, os turistas estão correndo atrás de hospedagem e isso vai abrir perspectiva para toda a rede hoteleira da cidade”, diz Guilherme Sanson, gerente-geral da Hotel Ibis Belo Horizonte Savassi.
De acordo com ele, os turistas estão estendendo sua estada na capital mineira e aproveitando para conhecer a cidade. “Isso acontece principalmente com os ingleses. Da nossa demanda até agora entre 30% e 40% são europeus, já que nossa rede é mais conhecida na Europa. Na segunda-feira, por exemplo, dos
No San Diego Express Palmares, inaugurado em 13 de junho, para o sábado a ocupação também é de 100%. “As reservas foram feitas em função dos jogos. Nossa documentação só saiu no dia 9 de junho, por isso até essa data a gente não estava aceitando reservas. Inauguramos com 70 apartamentos ocupados e agora que o Brasil passou de fase estamos lotados para o jogo”, explica a gerente-geral Isabella Sena. De acordo com ela, a procura triplicou depois que o Brasil passou às oitavas de final. Já no Ouro Minas Palace Hotel, Augusto Novaes, gerente de hospitalidade e responsável por gerenciar o hotel durante a Copa do Mundo, para o dia 28 as vagas já estão esgotadas. “Estamos fazendo só pequenos ajustes para receber hóspedes vip’s. São demandas muito particulares e a gente só consegue atender uma coisa ou outra”, afirma.
Movimentação Vilmar Soares, coordenador de vendas do Max Savassi Apart Service, explica que para o dia 28 a ocupação já está em 100%. A surpresa foi perceber que, depois que a seleção passou de fase, a demanda para os outros dias aumentou. “Para os dias de intervalo entre jogos, a procura estava parada. Depois da vitória do Brasil sobre Camarões, já fechamos 15 quartos. Além disso, o número de cotações para o dia do jogo aumentou. Atendemos a vários pedidos de cotação, mas não pudemos confirmar porque não havia vagas”, disse Soares. De acordo com ele, os pedidos foram repassados para os parceiros que ainda não tinham a hospegagem esgotada.
Na avaliação de Paulo César Pedrosa, presidente da Federação de Hotéis, Restaurantes e Bares de Minas Gerais (Foremg), a entrada para as oitavas de final alterou a demanda nos cerca de 30 hotéis que foram cosntruídos para a Copa. “A partir de sexta-feira, a ocupação nos principais hotéis de Belo Horizonte vai chegar a 86%”, disse. Para os turistas, uma das saídas será se hospedar em hotéis mais simples, com diária até R$ 200. “Tem muita vaga no hipercentro. Quem vier para ver o jogo do Chile não vai ter problemas. Mas quem deixou para reservar os melhores hotéis pode não achar vaga”, disse.
Bem ao estilo do brasileiro
Eduardo Tristão Girão
Com ou sem planejamento, os proprietários de bares na Savassi tem se surpreendido com as enxurradas de torcedores que frequentemente entopem os quarteirões fechados no entorno do cruzamento das avenidas Getúlio Vargas e Cristóvão Colombo. Mesmo quem se preparou com antecedência está enfrentando dificuldades em função da quantidade de estrangeiros e da maior proporção deles em relação aos brasileiros. Nessa verdadeira guerra, cardápio bilíngue é o de menos.
Um exemplo bem sucedido na região é o do Baiana do Acarajé. O estoque de destilados da casa foi providenciado e organizado em janeiro e, para dar conta de tantos pedidos de moqueca, bobó e aperitivos, cerca de duas toneladas de camarão foram antecipadamente compradas do fornecedor, que continua fazendo entregas semanais à cozinha (pouco depois, o preço do crustáceo de tamanho maior subiu cerca de 50%). Fora isso, 600 fardos de cerveja já foram emprestados a três concorrentes perto dali.
“Nenhum funcionário nosso fala outra língua, apesar de atendermos estrangeiros o ano todo. Ofereci aulas de inglês para alguns deles, mas ninguém quis. Vamos na mímica, no embromation, misturando português, inglês, francês e ninguém sai mal atendido”, conta o proprietário da casa, Oldair Melo. Não que esteja sendo fácil: à frente de 39 funcionários (10 a mais que o habitual), ele chega ao local às 6h para preparar a abertura e não sai antes das 2h.
Responsável por comandar o atendimento de uma das maiores concentrações de mesas da Savassi, Rubens Batista, proprietário da Status Café, se surpreendeu. “Não esperávamos tantos estrangeiros, 90% das pessoas são de fora. O brasileiro mesmo, não entrou no espírito”, queixa-se. Mesmo assim, o faturamento da casa aumentou dentro do que ele esperava, 60%. Além de freezers, mesas e cadeiras extras, comprou mais quatro televisões e já está providenciando a quinta. Ainda que o latão de cerveja seja o forte,,, Rubens comprou uma chopeira para tentar incrementar a venda de outros tipos da bebida. Assim como Oldair, a ausência de quem fale inglês ou outro idioma não lhe incomoda: “Cerveja e banheiro todo mundo sabe o que é”.
Cercado A quantidade de torcedores no quarteirão fechado da Rua Antônio de Albuquerque (esquina com Paraíba), impressionou tanto Ademilde Maia, proprietária do Orizontino, que ela recentemente reduziu o cardápio do bar pela metade. Deixou apenas espetinhos e dois pratos. “A gente só começa a ter noção depois que a coisa começa”, afirma. Além disso, colocou grades para cercar as mesas que ficam no calçadão, reflexo da confusão entre torcedores brasileiros e argentinos ali no fim de semana passado. Será assim até o fim da Copa, avisa ela.