A despeito de esperar a migração da taxa mensal do Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) do terreno da deflação para uma inflação próxima de zero em julho, o superintendente adjunto de Inflação do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros, prevê a continuidade da desaceleração do indicador no acumulado de 12 meses no segundo semestre. Em entrevista à imprensa para o detalhamento do resultado negativo de junho, ele avaliou que, por causa de algumas taxas mensais bastante fortes na segunda metade do ano passado e a possibilidade de números mais brandos no mesmo período de 2014, o resultado acumulado em 12 meses tende a manter o ritmo de altas menos intensas visto no fim do primeiro semestre do ano atual.
Em junho, depois que o IGP-M registrou deflação mensal de 0,74% (a maior em 11 anos) ante recuo de 0,13% em maio, a taxa em 12 meses desacelerou para 6,24%. Em maio, estava em 7,84%. "Daqui para o final do ano, a taxa tende a baixar um pouco", comentou Quadros. "Em setembro, um nível mais próximo do observado no encerramento de 2013 tende a se consolidar", disse.
Em dezembro do ano passado, o IGP-M fechou com taxa acumulada em 12 meses de 5,51%. Nos quatro primeiros meses de 2014, influenciado principalmente por uma pressão de alta nos preços agropecuários do atacado, o índice da FGV engatou uma sequência de aceleração que levou o resultado para 5,66% em janeiro; 5,76% em fevereiro; 7,30% em março; e 7,98% em abril.
Para Quadros, o mês de junho, influenciado pelo declínio dos preços agropecuários do atacado, pode ter sido o de taxa mensal mais baixa em 2014. No segundo semestre, apesar de uma expectativa de retorno do IGP-M para resultados mensais no terreno de altas, elas tendem a ser, por exemplo, bem menos expressivas, que a de setembro do ano passado, quando o indicador subiu 1,50%, com impactos também de itens agrícolas, como a soja.
É justamente por isso que o representante da FGV citou o nono mês de 2014 como o momento para uma desaceleração em 12 meses se consolidar. Tudo porque há uma certa "gordura a ser queimada", com a substituição no cálculo da taxa de 1,50% por um resultado mensal menos significativo em setembro.