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Estado de Minas

Produção de veículos recua 20,1% em maio, mostra IBGE

Foi o terceiro recuo consecutivo de dois dígitos. Em abril, o segmento tinha registrado redução de 21,7%, e, em março, a retração foi de 13,9%


postado em 02/07/2014 12:01 / atualizado em 02/07/2014 13:18

Houve redução na fabricação de automóveis, caminhões, autopeças, entre outros(foto: EM/D.A/Press)
Houve redução na fabricação de automóveis, caminhões, autopeças, entre outros (foto: EM/D.A/Press)

A atividade de veículos automotores registrou uma queda de 20,1% na produção em maio, em relação ao mesmo período de 2013, segundo dados da Pesquisa Industrial Mensal (PIM) divulgada nesta quarta-feira, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foi o terceiro recuo consecutivo de dois dígitos. Em abril, o segmento tinha registrado redução de 21,7%, e, em março, a retração foi de 13,9%.

"A venda no setor em maio havia sido positiva e ainda assim os estoques permanecem elevados. É natural que o setor diminua sua produção corrente para adequar seus níveis de estoques. São diversas montadoras concedendo férias coletivas, fazendo paradas, reduções de jornadas de trabalho, redução de pessoas empregadas dentro do setor. São fatores que marcam essa atividade não só no mês de maio, vem marcando nos últimos três meses", disse André Macedo, gerente da Coordenação de Indústria do IBGE.

A atividade deu a maior contribuição para o recuo de 3,2% na indústria geral em maio ante maio do ano passado. Houve redução na fabricação de automóveis, caminhão-trator para reboques e semirreboques, caminhões, autopeças e veículos para transporte de mercadorias. No caso dos caminhões, Macedo não descarta a demora na renovação do Programa de Sustentação do Crescimento (PSI) do BNDES, mas lembra que a confiança do empresário está em níveis muito baixos.

"A demora na renovação do PSI pode ter atrasado as encomendas. Mas caminhões é questão também de investimentos. As estatísticas que ajudam a medir a expectativa dos empresários estão há algum tempo com comportamento negativo. Há algum tipo de menor intenção por parte do empresariado no que se refere aos investimentos, isso também pode ser explicação importante para comportamento de menor intensidade para os caminhões", citou Macedo.

Os problemas enfrentados pela Argentina também estão afetando os resultados da indústria automobilística, uma vez que o país vizinho é um dos principais destinos da produção nacional. "(A Argentina) É parceiro importante principalmente quando se fala da indústria automobilística", confirmou Macedo.

No ano, a atividade de veículos registra queda de 12,5% na produção, também o principal impacto negativo sobre o total da indústria, que recuou 1,6% no período. "No ano, 86% dos produtos investigados dentro dessa atividade de veículos automotores mostram resultado negativo", contou Macedo.

O gerente do IBGE menciona, entre as causas para estoques elevados na atividade de veículos, a redução nas vendas para o mercado interno, redução das importações do setor, encarecimento da concessão de crédito e maior comprometimento da renda das famílias. "Isso vem contribuindo para um nível de estoque acima do seu padrão habitual. Mesmo com a redução da produção, o estoque ainda permanece acima do padrão usual. Isso acaba acarretando não só a redução de sua produção como um todo, mas a redução na jornada de trabalho, concessão de férias coletivas por períodos prolongados. Impacto atinge não só a parte de automóveis, mas também parte de caminhões e de autopeças", contou.

Perdas

A indústria brasileira já acumula perda de 1,6% nos últimos três meses, após três resultados negativos consecutivos, segundo IBGE. A queda em maio em relação ao mês anterior foi de 0,6%, após já ter recuado 0,5% tanto em abril quanto em março.

O resultado foi acompanhado por duas categorias de uso, que também chegaram em maio com três meses de queda: bens de capital e bens de consumo duráveis. A produção de bens de capital acumula um recuo de 7,5% nos últimos três meses, enquanto a fabricação de bens de consumo duráveis já perdeu 9,5% no período.

"O setor de veículos automotores não por acaso também faz esse movimento de três quedas consecutivas. Então tem parte importante dessa queda (na indústria) que vem de veículos automotores. No caso de bens duráveis, a queda vem de uma produção menor de automóveis. No caso de bens de capital, vem de uma produção menor de caminhões", apontou Macedo.

Pico de produção

De acordo com técnico do IBGE, a produção industrial brasileira está 5,5% abaixo do pico registrado em maio de 2011. Apesar das sucessivas quedas registradas nos últimos meses, o comportamento negativo da indústria começou ainda no quarto trimestre do ano passado.

"A indústria mostra um sequência de três resultados negativos, mas esse comportamento de menor intensidade (da produção) vem sendo observado já há algum tempo no setor industrial, especialmente quando a gente observa o último trimestre de 2013 em diante", afirmou Macedo.

Segundo IBGE, a indústria recuou 4,5% desde outubro de 2013. Os setores que ainda mostram bons resultados são os relacionados ao consumo interno e ao ganho real de renda, como alimentos, remédios e combustíveis. Não por acaso, a categoria de bens de consumo semi e não duráveis foi a única a registrar resultados positivos em todas as comparações em maio. O crescimento foi de 1,0% ante abril; alta de 0,8% ante maio de 2013; expansão de 1,0% no ano; e elevação de 1,5% em 12 meses.

"Aqueles (produtos) mais voltados para o mercado interno, mais identificados com o consumo diretamente relacionado aos salários, são aqueles que permanecem com comportamento diferente do total da indústria, com destaque especialmente para a parte dos alimentos, alguma coisa dos medicamentos, os carburantes, ou seja, gasolina e álcool. São exemplos de atividades e produtos que se destacam na evolução dos meses e também no acumulado de 2014, em relação a igual período do ano anterior", disse Macedo.


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