O percentual ajuda a entender uma outra estatística importante para o ramo de confecção local: cerca de 500 pessoas trabalham como costureiras ou costureiros no município. Cinquenta desses profissionais ganham a vida na Acqua Minas, fundada há três anos e com produção mensal entre 15 mil e 20 mil peças. Em 2013, a empresa faturou R$ 2,4 milhões. Para este ano, a meta é alcançar os R$ 3 milhões – aumento de 25%.
No primeiro ano, a empresa faturou R$ 300 mil, superando a expectativa de Ronnie Anderson Franklin Alves, um dos donos da Acqua Minas. Por anos ele atuou no ramo de conserto e venda de máquinas de costura. Depois de perceber que a economia de Ervália conquistava um salto com a moda praia, o empresário se associou a Bruno Eduardo da Silva e migrou para a produção de beachwear. A dupla conta com representantes de venda em Minas, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Paraná e Santa Catarina.
“Após a criação de um plano de ação, conseguimos aumentar a produção em 15%, seguindo as orientações recebidas e executando mudanças em nossa estrutura física e em nossos processos. Hoje conseguimos confeccionar mais peças, com o mesmo número de funcionários”, comemora Ronnie. O projeto a que ele se refere é o Sebraetec, que oferece às micro e pequenas empresas, independentemente do ramo em que atuam, acesso a conceitos de ciência, tecnologia e inovação por meio de subsídio aos custos dos serviços de consultoria tecnológica. Na prática, a proposta é melhorar os produtos e os procedimentos na fabricação de mercadoria e na atração da clientela.
ESPORTE Ervália não produz apenas moda praia. De lá saem roupas e acessórios para diferentes esportes. A Fight Brasil, por exemplo, fabrica luvas, caneleiras e outras peças usadas por judocas. O dono do empreendimento, o carioca Lauro Jorge Paes de Souza, se mudou para a cidade, há 14 anos, para ganhar a vida como professor de judô. “Percebi a dificuldade de (os esportitas) conseguirem o judogui, o uniforme usado para a prática do esporte, e me associei ao pai de um aluno que confeccionava as peças”, recorda.
A empresa, que conta com 45 funcionários e um portfólio variado, negocia, em média, 1,3 mil pares de luvas por mês, além de shorts, bandagens, caneleiras e outros artigos. “Conseguimos dobrar a produtividade e alcançar um faturamento de R$ 200 mil mensais”, destaca o empresário-judoca ao se referir às consultorias recebidas do Sebrae. Uma das mudanças, continua ele, foi a ampliação dos itens fabricados, de 2 mil peças/mês para 4,5 mil. A expansão veio com o planejamento de construir outro imóvel para a fábrica, que ocupará uma área de 600 metros quadrados. A obra deve ser concluída no segundo semestre.
Consumo aquecido
Os brasileiros são os que mais consomem moda praia no planeta: a produção nacional é estimada em 264 milhões de peças por ano. Dados da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit) revelam que o mercado movimenta cerca de US$ 2 bilhões anuais no país. No mundo, a estimativa é que a cifra gire em torno de US$ 12 bilhões a cada 12 meses, de acordo com levantamento feito pela Global Market Review of Swimwear and Beachwear. Boa parte das peças compradas por consumidores em outros países foi fabricada no Brasil. Em 2012, por exemplo, as confecções daqui exportaram o correspondente a US$ 10,4 milhões. Os principais importadores foram os Estados Unidos (US$ 2,9 milhões), Portugal (US$ 2,1 milhões) e Itália (US$ 903,8 mil). Ao todo, há 2,3 mil confecções brasileiras que produzem moda praia.