O índice de satisfação dos brasileiros com o fornecimento de energia elétrica ficou em 78,9% em 2014, de acordo com a 16ª pesquisa de consumidores residenciais divulgada nesta quarta-feira, 16, pela Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee). No ano passado, o indicador estava em 78,7%. "Houve uma melhoria nos últimos anos, mas o resultado continua girando em torno de 78%", avaliou o presidente da entidade, Nelson Leite.
Ainda assim, a região Norte/Centro-Oeste - agrupada dessa forma na pesquisa - foi a única que apresentou melhoria desde o ano passado, com o índice de satisfação subindo de 67,7% para 74,6%. Já as demais regiões apresentaram ligeira piora na avaliação dos consumidores. A região Sul caiu de 87,6% para 85,7%, seguida pela região Nordeste com retração de 78,8% para 77,9%, e pela região Sudeste, com queda de 78,8% para 77,3%.
"O Brasil está ficando mais uniforme, há uma convergência entre a percepção da satisfação dos clientes das distintas regiões", acrescentou Leite. "Nos últimos quatro anos houve aumento da satisfação em todas as regiões do País. E, apesar dos problemas enfrentados pelo setor nos últimos dois anos, principalmente em relação ao custo da energia, as empresas conseguiram manter seus programas de investimentos e o nível de satisfação de seus clientes", acrescentou.
Copa do Mundo
A Copa do Mundo foi bem sucedida do ponto de vista do setor elétrico, afirmou Leite. O executivo citou o fato de não ter havido nenhuma ocorrência de falta de fornecimento de energia durante o Mundial e mostrou um gráfico relativo ao dia da abertura do campeonato, mostrando a queda no consumo nacional de energia durante a partida entre Brasil e Croácia.
Naquela quinta-feira (12/06), houve uma queda de 12.400 megawatts (MW) de consumo nas 2 horas e 15 minutos anteriores ao apito inicial da partida de futebol, sendo de 1.050 MW apenas nos últimos 13 minutos anteriores ao começo da partida.
Já durante o intervalo do jogo, o gráfico mostra uma "rampa" de aumento do consumo de 6.900 MW. "É um desafio para a geração manter as unidades rodando para que elas possam assumir essa carga rapidamente", afirmou Leite.
Distribuidoras
O presidente da Abradee está confiante de que o governo elabore uma solução para o setor a tempo da liquidação adiada para o fim deste mês. Marcada inicialmente para o começo de julho, parte do pagamento das distribuidoras para as geradoras - que soma R$ 1,32 bilhão e não tem cobertura tarifária - foi postergada para a última semana do mês.
"O Ministério de Minas e Energia está trabalhando junto ao Ministério da Fazenda e à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) na elaboração de uma solução, mas não temos como detalhar, porque não conhecemos qual será", disse Leite. "Estamos confiantes de que essa solução sairá a tempo de cobrir a parte da liquidação que ficou pendente para o fim do mês", completou.
O executivo afirmou ainda esperar que a nova solução encontrada para o governo seja enfim suficiente para atender às necessidades do setor de distribuição. A primeira alternativa encontrada pelo governo foi um empréstimo bancário de R$ 11,2 bilhões que, no entanto, bastou para cobrir o rombo do setor apenas até abril deste ano.
"Nós acreditamos que vai haver uma solução que resolva o problema até o final do ano, tendo em vista até que a tendência é de que os valores necessários sejam decrescentes ou fiquem estabilizados num patamar menor do que os do primeiro quadrimestre", avaliou Leite.
O presidente da Abradee, porém, evitou fazer uma projeção para o valor necessário. Segundo ele, essa estimativa depende de uma série de cenários. "Precisamos ver como vai se comportar o preço da energia no curto prazo (PLD) no segundo semestre", completou.