As vendas no comércio de Belo Horizonte, no acumulado de janeiro a maio de 2014, registraram o pior resultado dos últimos cinco anos: alta de 2,46%. É a terceira desaceleração consecutiva na mesma base de comparação – o indicador ficou em 4,53% em 2013, de 5,78% em 2012, de 5,82% em 2011, de 5,8% em 2010 e de 3,7% em 2009. Mais uma vez, a disparada da inflação e a alta dos juros foram os principais responsáveis pelo cenário apurado pela Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL-BH).
A título de esclarecimento, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que é medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e que corresponde à inflação oficial do país, fechou o acumulado de janeiro a maio com alta de 3,64% em Belo Horizonte. No período de 12 meses, encerrados em maio, o avanço havia sido de 6,05%. O IBGE já calculou o indicador para o acumulado dos últimos 12 meses (6,28%) e do primeiro semestre do ano (4,07%).
“Com o aumento do nível dos preços, a renda disponível dos trabalhadores para o consumo foi reduzida”, explicou Ana Paula Bastos, economista da CDL. Em relação ao aumento dos juros, a Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) apurou que, no acumulado de janeiro a junho, a taxa de juros média geral para pessoa física apresentou uma elevação de 1,14 ponto percentual, atingindo 6,03% no mês passado, sendo o mais elevado indicador desde julho de 2012.
Para fortalecer as vendas, shoppings e lojas da cidade apostam nas tradicionais liquidações, como faz a Pé de Mulher, especializada em calçados femininos e que funciona há oito anos na Avenida Afonso Pena. O gerente do estabelecimento, Sertório Gomes, espera que o desconto de 30% oferecido em pares de botas de couro e de outros materiais alavanque as vendas. “Espero que o aumento seja de pelo menos dois dígitos. A promoção começou ontem e não tem data para ser encerrada.”
Há lojas que anunciam descontos de até 70%, especialmente nos shoppings. O despachante Neoberto Cristiano Procópio, de 28 anos, é um dos consumidores que está atento às promoções. “Preciso comprar um aparelho celular e aguardo uma oferta boa. Também estou precisando comprar algumas roupas, mas vou juntar dinheiro para adquiri-las à vista, pois posso conseguir um desconto bom”.
A alta de 2,46% no acumulado do ano foi puxada, sobretudo, pelos ramos de tecidos, vestuário, armarinho e calçados (crescimento de 3,71%); supermercados e produtos alimentícios (3,7%); máquinas, eletrodomésticos, móveis e louças (3,01.
DIA DAS MÃES Nem mesmo o Dia das Mães, a segunda melhor data para o varejo, atrás apenas do Natal, foi suficiente para evitar a terceira desaceleração seguida no acumulado dos cinco primeiros meses do ano. Tanto que as vendas, no confronto entre maio e abril, subiram apenas 1,41%. Na comparação com maio de 2013, o avanço nas vendas foi de 0,38%, abaixo da expectativa da CDL-BH, que previa um aumento de 1,99% a 3,09%.
“Os consumidores estão com a renda mais comprometida e, ao mesmo tempo, com maior dificuldade em obter crédito no mercado”, explicou Ana Paula. “Por isso observou-se crescimento inferior ao esperado para o período”, finalizou. Nesta base de confronto, as maiores atlas foram apuradas nos segmentos de produtos farmacêuticos (3,6%); tecidos, vestuário, armarinho e calçados (3,05%).