O spread muito baixo que os bancos podem cobrar no financiamento de caminhões está dificultando a concessão de crédito, principalmente para pequenos e médios clientes, segundo comentaram nesta segunda-feira, 21, executivos do segmento durante o seminário Revisão das Perspectivas 2014, promovido pela Autodata. De acordo com eles, caso o governo permitisse que os bancos cobrassem spreads maiores, haveria uma melhora significativa no setor.
"O problema não é com o PSI-Finame do BNDES, é com o setor financeiro. Clientes médios e pequenos querem comprar e não conseguem, o que prejudica o desempenho do varejo. Existe um volume reprimido grande que poderia ser aproveitado", afirmou Gilson Mansur, diretor de vendas e marketing de caminhões da Mercedes-Benz.
Para Ricardo Alouche, vice-presidente de vendas e marketing da MAN, com a desaceleração da economia brasileira nos últimos trimestres muitos clientes pequenos ficaram inadimplentes, colaborando para que os bancos se tornassem mais rigorosos na concessão do crédito.
Os participantes do seminário apontaram que a agricultura ajudou o segmento de caminhões no primeiro semestre e deve continuar com um desempenho positivo no segundo. A expectativa é que, com uma recuperação da indústria, as vendas de caminhões também se recuperem na segunda metade de 2014, embora não em ritmo suficiente para compensar a queda observada no começo do ano. Muitos executivos já observam uma retomada gradual das vendas este mês, mas ainda não é possível dizer se esse movimento será sustentável.
Ônibus
Já o segmento de ônibus deve continuar vivendo um contexto difícil no segundo semestre deste ano, segundo afirmaram executivos do setor. Após registrar uma queda de 11,1% na produção e 13,7% nas vendas no primeiro semestre, o segmento espera uma leve melhora na segunda metade do ano, mas que não será suficiente para compensar essa queda.
"A crise no setor começou em meados do ano passado, com as manifestações populares, que questionavam a qualidade do transporte coletivo. O segundo semestre não vai conseguir recuperar as perdas do primeiro, mas a situação nas grandes capitais já destravou", comentou Paulo Corso, diretor de operações comerciais da Marcopolo. A empresa, após registrar um recuo de quase 15% na produção nos primeiros seis meses do ano, espera terminar 2014 com uma retração de 10% a 13%.
Os participantes do debate lembraram que a frota brasileira tem em média 9,8 anos e existe um compromisso de reduzir essa idade para cinco anos, o que significaria um incremento importante para o segmento.