O chanceler argentino, Héctor Timerman, pediu nesta segunda-feira que seus colegas do Mercosul se mobilizem por uma reforma do sistema financeiro internacional "que impeça as ações" dos fundos especulativos. "As ações dos fundos abutres devem nos mobilizar para trabalharmos de maneira decidida, conjunta e coordenada por uma profunda reforma do sistema financeiro internacional", disse Timerman na reunião de chanceleres do Mercosul antes da cúpula do bloco, nesta terça-feira em Caracas.
A Argentina está próxima de um novo calote caso não chegue a um acordo antes de quarta-feira com os fundos especulativos na disputa judicial dos títulos da dívida pública. Timerman, cujo país assumirá na quarta-feira a presidência temporária do bloco, agradeceu ao Mercosul e a outras instâncias, como a Alba (Aliança Bolivariana para as Américas) e a Celac (Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos), o "apoio incondicional" a seu país no caso dos fundos especulativos.
Vários fundos especulativos, chamados de "abutres" pela Argentina, ganharam uma disputa na justiça americana, que ordenou o país a pagar aos demandantes antes de continuar cumprindo suas obrigações com os credores da dívida reestruturada em 2005 e 2010.
O chanceler argentino pediu que seus colegas "promovam a adoção de regras mais justas e equitativas para que os processos de reestruturação da dívida soberana empeçam a ação dos fundos abutres". Além disso, Timerman elogiou as iniciativas adotadas na cúpula do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), como a criação do banco de desenvolvimento com sede em Xangai, uma alternativa a instituições como o Fundo Monetário Internacional (FMI).
"É preciso redesenhar as instituições financeiras do pós-guerra, concebidas em outro contexto histórico no qual predominava a visão das nações desenvolvidas", completou o chanceler.