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Estado de Minas

Fernão Dias foi o primeiro morador do Vetor Norte

O explorador construiu choupana em distrito de Pedro Leopoldo


postado em 29/07/2014 06:00 / atualizado em 29/07/2014 07:35

A casa do Fidalgo, a 60 quilômetros de BH, foi transformada em museu para contar a epopeia do bandeirante(foto: Euler Júnior/EM/DA Press)
A casa do Fidalgo, a 60 quilômetros de BH, foi transformada em museu para contar a epopeia do bandeirante (foto: Euler Júnior/EM/DA Press)

Pedro Leopoldo e Lagoa Santa – A epopeia de Fernão Dias em busca da serra e da lagoa abarrotadas de esmeraldas durou sete anos pela então mataria que hoje é o estado de Minas Gerais, de 1674 a 1681. Por pouco mais da metade desse tempo, ele e a tropa – havia brancos, mamelucos e índios – procuraram as pedras verdes num pedaço de cerrado entre o Rio das Velhas e o Ribeirão da Mata, onde construiu uma choupana de adobe e pau a pique, a qual deu origem ao arraial Quinta do Sumidouro, agora Fidalgo, um distrito de Pedro Leopoldo, a 60 quilômetros da capital. O explorador fundou o povoado para ser o ponto de referência da expedição. Quase três séculos e meio depois, a região ganhou status de mesopotâmia do mercado imobiliário da Grande Belo Horizonte.

O Sumidouro está no polígono do chamado Vetor Norte da região metropolitana, criado por decreto estadual em 2007 e que reúne alguns bairros da capital e oito municípios vizinhos. A área se desenvolveu tanto que a população dessas cidades, percentualmente, subiu acima da alta apurada em BH, segundo os censos de 2000 e 2010. Nesse período, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) concluiu que o número de habitantes cresceu 6,12% na capital, 38,69% em Lagoa Santa, 36,89% em Vespasiano, 32% em São José da Lapa, 26,53% em Jaboticatubas, 20,07% em Ribeirão das Neves, 9,89% em Santa Luzia e 8,78% em Pedro Leopoldo.

Daniel Aparecido e Gilson Saloto trabalham na construção: vida melhor (foto: Euler Junior/EM/D.A Press)
Daniel Aparecido e Gilson Saloto trabalham na construção: vida melhor (foto: Euler Junior/EM/D.A Press)
Resultado: a explosão demográfica elevou o preço dos imóveis por aquelas bandas. “Em alguns bairros, o valor médio do lote de 360 metros quadrados avançou até 400% em cinco anos. A área é uma excelente opção para investimento, para moradia e para quem deseja passar apenas os fins de semana. Acredito que o rendimento médio de quem compra lotes ou imóveis na área é de 35% ao ano”, calculou Jamerson Leal, consultor da área de corretoras de imóveis da Câmara do Mercado Imobiliário e Sindicato das Empresas do Mercado Imobiliário de Minas Gerais (CMI/Secovi-MG).

O bom desempenho do setor é reflexo da enxurrada de investimentos públicos e privados ao longo da última década, como a ampliação do Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins; a construção da Linha Verde, rodovia que liga o Centro de Belo Horizonte ao terminal aeroviário; a transferência da sede administrativa do estado da Praça da Liberdade para o Bairro Serra Verde; e, claro, a invasão de centenas de empresas de diferentes portes.

A valorização econômica dos imóveis na área que Fernão Dias escolheu para ser o ponto de referência de sua coluna é o tema da série A origem das Minas Gerais, que o EM começou a publicar ontem em alusão aos 340 anos do início da saga do governador das esmeraldas pelo atual estado. Hoje, boa parte das terras que um dia abrigaram pequizeiros e outras árvores com troncos retorcidos deu lugar a condomínios luxuosos e a mansões. Uma delas quase foi alugada pelo argentino Lionel Messi, durante a Copa do Mundo no Brasil, para hospedar parentes e amigos próximos.

A seleção platina se concentrou na Cidade do Galo, em Vespasiano, a poucos quilômetros de Lagoa Santa, onde o atacante se encantou com uma mansão às margens da lagoa, cartão-postal da cidade. A título de curiosidade, a mansão tem sete suítes, 13 banheiros, 2 mil metros quadrados de área construída e outros 8 mil metros quadrados de terreno. O valor mensal do aluguel seria de R$ 150 mil, mas o atleta considerou o preço alto e optou por hospedar a família no Rio de Janeiro. Dezenas de outras casas de padrão luxuoso foram erguidas na região.

Fernando Pinto fabrica móveis onde já foi caminho da epopeia: em alta (foto: Euler Junior/EM/D.A Press)
Fernando Pinto fabrica móveis onde já foi caminho da epopeia: em alta (foto: Euler Junior/EM/D.A Press)
A nova paisagem do Vetor Norte se transformou na senha de uma vida melhor para trabalhadores dispostos a ganhar a vida em vários ramos, sobretudo na construção civil. Muitos deles vieram de longe, como Gilson Saloto, de 35 anos. O rapaz deixou a pacata Irupi (ES), com cerca de 15 mil habitantes e a 350 quilômetros de Belo Horizonte, para construir prédios e casas em Lagoa Santa e cidades vizinhas. O capixaba recorda que a carteira de trabalho foi assinada uma semana depois de ele desembarcar na cidade.

“Muitos amigos de juventude vieram para cá e me garantiram que valia a pena. Valeu mesmo. Tenho um salário bruto de pouco mais de R$ 2,5 mil. Consegui comprar uma moto zero quilômetro e agora planejo adquirir um imóvel próprio”, deseja Gilson, que trabalha na companhia de Daniel Aparecido Murta, de 31, e que também deixou a cidade natal, Urucânia, na Zona da Mata, para ganhar a vida na construção civil. “Se eu continuasse lá, certamente receberia um salário mínimo (R$ 724) para uma labuta na lavoura. Aqui, minha remuneração é de R$ 1,3 mil mensais.”

ARTESANATO  A explosão imobiliária favorece outros setores, como o de fabricação de móveis. Fernando Pinto, dono da Dormentes & Cia, que o diga: “As vendas subiram mais de 50% em dois anos”. No estabelecimento, há mesas e cadeiras de diferentes madeira, oratórios envelhecidos, lustres que combinam com ambientes rústicos e com modernos. Uma das peças que mais chamam atenção da clientela é uma imagem de concreto de Fernão Dias. “Tem altura de 2,1 metros e peso de 300 quilos. Custa R$ 2 mil. Vendi duas há pouco tempo.”


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