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Estado de Minas

"É inadmissível mercado interferir na política", diz Dilma após extrato do Santander

Presidente criticou mercado ao ser questionada sobre um informe enviado pelo Santander que apontava risco de deterioração da economia caso ela se estabilize na liderança das pesquisas


postado em 29/07/2014 09:24 / atualizado em 29/07/2014 10:07

A presidente Dilma Rousseff criticou nessa segunda-feira, setores do mercado financeiro ao ser questionada sobre um informe enviado pelo Banco Santander a clientes de alta renda que apontava risco de deterioração da economia caso a candidata do PT se estabilize na liderança das pesquisas de intenção de voto. A presidente definiu como "interferência" a manifestação da instituição financeira, que depois se retratou publicamente.

"Eu acho que é inadmissível para qualquer país, principalmente um país que é a sétima economia do mundo, aceitar qualquer nível de interferência de qualquer integrante do sistema financeiro de forma institucional na atividade eleitoral. Isso é inadmissível" afirmou Dilma durante sabatina realizada no Palácio da Alvorada pelo jornal Folha de S. Paulo, portal UOL, rádio Jovem Pan e SBT.

A crítica gerou uma reação imediata de seus principais adversários. O candidato do PSDB, senador Aécio Neves (MG), afirmou em São Paulo que todos os analistas financeiros hoje manterão o ceticismo em relação à economia se a petista for reeleita. "Infelizmente, para o Brasil de hoje, quanto mais provável a reeleição da presidente, os indicadores econômicos serão piores e quanto mais houver a possibilidade de vitória da oposição, mais irão melhorar o ambiente e as expectativas de futuro", afirmou o tucano, para quem "a resposta adequada do governo seria garantir um ambiente estável, de confiança".

Ao 'Estado', Eduardo Campos (PSB) concordou com a crítica do informe do banco quanto à condução macroeconômica do País, mas avaliou que a instituição não deveria ter "personificado" os questionamentos. "A análise do cenário econômico feita pelo banco foi correta, mas o documento não deveria ter personificado a crítica", afirmou.


O Santander já disse que o informe não representa a opinião da instituição e anunciou que os funcionários responsáveis pelo documento serão demitidos.

Sobre as desculpas apresentadas pelo banco, Dilma afirmou que esse pedido foi bastante protocolar. "Lamento o que aconteceu, acho bastante protocolar."

Após a polêmica, prefeitos paulistas do PT procuraram a direção do partido para reavaliar os convênios com o Santander. A prefeitura de Osasco, na Grande São Paulo, anunciou o cancelamento do convênio sob a alegação de "mau atendimento".

Em discurso para sindicalistas em evento da Central Única dos Trabalhadores (CUT), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva também atacou a instituição financeira. "Não tem nenhum lugar no mundo que o Santander esteja ganhando mais dinheiro do que aqui" disse Lula em Guarulhos (SP). Para o ex-presidente, a pessoa responsável pelo comunicado não entende "porra nenhuma" de Brasil e não sabe nada a respeito do governo Dilma.

Ao comentar a conjuntura econômica, a presidente afirmou ainda que há uma mistura de especulação contra o governo com pessimismo. Ela lembrou do ambiente pré-Copa. "Houve gente que disse que não tem aeroporto, vai ser um caos, o Brasil está aquém de tudo, vai fazer Copa absolutamente aquém do nosso potencial, não vai ter estádio decente, segurança vai ser desastre, não tem estrutura de comunicação.... Isso é muito grave, isso é uma especulação contra o País."

‘Marolinha’


Questionada sobre a crise de 2008 e se Lula havia errado ao compará-la a uma "marolinha", Dilma admitiu que o processo foi subestimado. "Todos nós erramos porque a gente não tinha ideia do grau de descontrole que o sistema financeiro tinha atingido. Nós minimizamos os efeitos da crise sobre a economia brasileira" disse.

De acordo com a presidente, nenhum país se recuperou economicamente da crise. "Crescemos 2,5% em 2013. Dos países do G-20, estamos entre os seis ou sete que mais cresceram. O Brasil enfrentou a crise e sem cair naquela que é a pior situação em todos os países."

Segundo Dilma, o governo trabalhou para impedir que a população "pagasse o pato da crise".


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