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Estado de Minas

Varejo de BH deve fechar 2014 com pior crescimento dos últimos cinco anos

Dispara dos preços e juro elevado são apontados com culpados pelo baixo desempenho. No país, desde 2005 os resultados dos negócios dos comerciantes não são tão fracos


postado em 05/08/2014 06:00 / atualizado em 05/08/2014 07:19

Para Marco Antônio Gaspar, vice-presidente da CDL, a inflação colocou freio no consumo(foto: Beto Magalhães/EM/DA Press)
Para Marco Antônio Gaspar, vice-presidente da CDL, a inflação colocou freio no consumo (foto: Beto Magalhães/EM/DA Press)

Brasília e Belo Horizonte –Estoques elevados e retração do consumidor diante da inflação e do elevado nível de endividamento deverão levar o varejo a registrar, em 2014, o pior resultado em nove anos. Segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), nem mesmo as datas especiais, como o Dia dos Pais e o Natal, que sempre impulsionam o faturamento das lojas, mudará essa perspectiva. Descontada a inflação, o crescimento do real do setor ante 2013 deverá ser de apenas 4%.

“As datas comemorativas tendem a acompanhar o comércio, que vem mostrando sinais de desaceleração desde 2011”, explicou o economista Fábio Bentes, da CNC. Ele lembra que a inflação continua acima do teto da meta definida pelo governo, de 6,5%, e os juros subiram bastante, minando o apetite de compra da população. Tanto a Páscoa, quanto o Dia das Mães e Dia dos Namorados decepcionaram e não será diferente com o Dia dos Pais, cujas vendas devem avançar 4,3%, no avanço mais fraco desde 2004.

Em Belo Horizonte, a situação do varejo é um pouco melhor, mas o faturamento também não vai de vento em popa. Balanço da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL-BH) mostra que as vendas no acumulado de janeiro a maio registraram o pior aumento dos últimos cinco anos: de 2,46%. O percentual havia sido de 4,53% em 2013, de 5,78% em 2012, de 5,82% em 2011, de 5,8% em 2010 e de 3,7% em 2009. A economista da instituição, Ana Paula Bastos, não vê melhoras até o fim do ano: “As vendas em 2014 (janeiro a dezembro) devem subir de 2% a 2,5%”.

Ela atribui o fraco desempenho do setor à disparada dos preços e ao juro elevado. “As vendas estão fracas pela falta de crédito. O que ocorre hoje? Não há crédito. As pessoas estão endividadas. Elas não vão consumir, pois a inflação está alta e o custo de vida está caro. Está tendo esse desaquecimento. Mesmo agora, com o governo adotando a medida de liberar o compulsório (R$ 15 bilhões a mais na economia), não há jeito. Pode colocar os R$ 15 bilhões. Você só pega crédito se o juro estiver baixo”, reforça Ana Paula.

Com margens de lucro estreitas, as empresas têm prolongado promoções e apostado em liquidações com desconto acima de 50% para ganhar no volume de vendas e, assim, impedir um ano ainda mais desastroso. Em razão das próprias mudanças de hábitos do brasileiro, que cada vez busca mais alternativas para driblar os preços altos, o comércio já começou a rever posições de investimento para o próximo ano, alerta o presidente da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), Roque Pelizzarro Júnior. “Não acredito que a economia voltará a se aquecer a curto prazo. Os problemas conjunturais devem permanecer ao longo do semestre e o consumidor vai continuar cauteloso”, disse.

Vermelho

A empresária Cláudia Volpini, presidente do conselho de comércio da Associação Comercial de Minas Gerais (ACMinas) e dona da Bico das Canetas, acredita que muitos dos varejistas de BH devem fechar este ano no vermelho. “Há um panorama geral, que é o encarecimento do crédito (juro). É o medo da inflação. O desemprego, que vinha caindo, começou a aumentar (a taxa de desemprego saltou de 5,1%, em junho de 2013, para 6,6% no mesmo mês de 2014, segundo o IBGE)”, listou a comerciante. Ela ainda lamenta as obras para a Copa do Mundo e algumas intervenções viárias, as quais, segundo Cláudia, prejudicaram o setor: “Em BH, aliado a tudo isso, tivemos obras nas grandes avenidas. Levaram anos. Na Avenida Santos Dumont, por exemplo, durou dois anos. Tivemos o problema do viaduto da Avenida Pedro I (o elevado caiu no início de junho). Na Pedro II, criou-se uma faixa exclusiva para ônibus, fazendo com que o consumidor não veja as lojas. BH é muito específico, pois temos 80% do Produto Interno Bruto (PIB) nas mãos do comércio e serviço. Com isso, a renda do município tende a cair e vira um ciclo vicioso”.

O temor dos comerciantes é o aumento da inadimplência. O indicador, no acumulado de janeiro a junho, cresceu 3,39% em relação ao mesmo período de 2013. “O otimismo dos empresário está mais baixo. A inflação está crescente, ocasionando aumento dos juros e já há uma inadimplência alta. Deve aumentar mais ainda”, acredita Marco Antônio Gaspar, vice-presidente da CDL-BH e dono da copiadora Brasilusa.

Para o diretor de Relações Institucionais da Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop), Luís Augusto Ildefonso da Silva, o processo de renovação dos estoques já está mais acanhado. “Apesar de a reposição de mercadorias ter sido menor, em razão da fraqueza do movimento de vendas durante a Copa do Mundo, os estoques ainda estão altos”, afirmou. Os shoppings têm recorrido a promoções e ações, como ofertas de carros, motos e outros produtos.


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