O consumidor está com medo de se endividar e está optando por comprar à vista. No mês de julho, as vendas parceladas caíram 0,27%, segundo indicador do SPC Brasil divulgado nesta quinta-feira pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). É a quinta queda consecutiva e o comércio já estuda rever para baixo a projeção de vendas para este ano, que atualmente está numa alta de 3%. A antecipação das promoções realizada por lojistas no período pós Copa do Mundo ainda não refletiu, por enquanto, em melhora de vendas, segundo o indicador.
“Pagando à vista, o consumidor acaba gastando menos do que usando cartão de crédito ou outro meio a prazo”, explica a economista da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH ), Ana Paula Bastos. A especialista afirma que a escassez de crédito, inflação alta e juros elevados levam o consumidor a não comprometer ainda mais a renda. Outro fato que preocupa a população, na avaliação dela, é incerteza da empregabilidade em consequência do desaquecimento da economia.
Para o Dia dos Pais, por exemplo, a maioria das compras em Belo Horizonte será feita em dinheiro, segundo pesquisa feita pela CDL/BH. Mais cautelosos, 45,45% dos consumidores não pretendem consumir mais no ano de 2014 em relação a 2013. Entre as principais dificuldades na hora de efetuar as compras está o preço/valor dos produtos.
Na avaliação de Roque Pellizzaro Junior, presidente da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), a baixa confiança dos consumidores e dos comerciantes também contribuiu para a queda das compras parceladas em julho. "Com o cenário econômico enfraquecido, estamos observando uma tendência de maior rigor no processo de concessão de crédito. O momento é menos favorável ao consumo das famílias, uma vez que o custo para o consumidor comprar a prazo aumentou", explica Pellizzaro Junior.
Segundo o indicador do SPC Brasil, a perda de fôlego nas intenções de vendas a prazo também se repetiu no resultado o consolidado do ano. No acumulado dos sete primeiros meses, frente a igual período de 2013, o indicador soma uma queda de -1,28%. Em relação a junho deste ano, as consultas para vendas parceladas cresceram 3,06%, reflexo da volatilidade da comparação mensal.