O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) assinou, nesta quarta-feira, o acordo com o sindicato nacional de servidores do órgão, o ASSIBGE-SN, para o pagamento de grevistas que tiveram seus salários cortados. Segundo o instituto, a preocupação agora é apurar quais pesquisas foram prejudicadas e reforçar o controle de qualidade dos dados coletados em atraso. Os funcionários que aderiram à paralisação voltaram nesta quarta-feira, ao trabalho em todo o país. Os dias descontados devem ser pagos já na próxima folha de pagamento.
"Não posso dizer que tenha sido um processo não desgastante. Uma pauta que tinha um componente político muito maior do que a objetividade de demandas trabalhistas. Isso para mim configura uma certa avaliação negativa. Avaliação negativa que foi reconhecida por 75% dos funcionários que não entraram no processo", disse o diretor executivo, Fernando Abrantes após reunião com representantes da executiva nacional do ASSIBGE-SN.
A greve, que começou em 26 de maio, chegou a um pico de adesão de 24%, segundo o sistema eletrônico de controle de ponto do IBGE. No entanto, a adesão foi irregular entre as unidades distribuídas pelo País. Os estados mais afetados não conseguiram realizar a coleta de informações de indicadores como a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) e a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua).
"Todas as áreas técnicas estão fazendo balanço das atividades que tiveram pendências. A preocupação do IBGE com o timing das pesquisas, da divulgação das pesquisas, é muito grande. Estamos solicitando para todas as nossas unidades um balanço dessa atualização. E vamos implantar muito fortemente um controle desses dados. Em função das paralisações, algumas distorções podem surgir", afirmou Abrantes.
Ainda não há previsão para a divulgação da taxa de desemprego para Salvador e Porto Alegre, dentro da PME. Os dados referentes a maio e junho ainda não são conhecidos. Abrantes não soube dizer se a próxima divulgação da pesquisa, referente a julho, terá as informações completas. "O controle dos dados coletados serão reforçados, para que tenham consistência que o IBGE deve ter", acrescentou.
Quanto aos 189 trabalhadores temporários que não tiveram seus contratos renovados por terem aderido à greve, o IBGE declara que a questão será decidida no Superior Tribunal de Justiça, onde o sindicato questiona o órgão, alegando que houve desrespeito ao direito de greve.
"Com relação à renovação desses contratos que foram desligados, isso é uma questão que IBGE não concorda, e está em andamento jurídico", contou o diretor executivo. "Os gestores públicos têm obrigação de fazer valer as leis e os contratos. E esse pessoal temporário é contratado levando em consideração um conjunto de regras bastante explícitas e claras. Não houve interrupção de qualquer contrato que estava em andamento", finalizou.