O consumo de energia elétrica deverá triplicar no país até 2050, segundo o estudo divulgado nesta terça-feira, 19, pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE). De acordo com a estimativa, o país alcançará um consumo de 1.624 TWh (Terawatt-hora), contra os atuais 513 TWh. O estudo também indica que a demanda total de energia, que envolve gasolina, eletricidade, etanol e outras fontes, vai dobrar no mesmo período.
Para fazer frente ao avanço do consumo, a estatal estima que o Brasil poderá suprir até 13% desse consumo com a energia solar, que poderá chegar a 15 milhões de residências. O governo planeja para este semestre o primeiro leilão de oferta de energia eólica.
A projeção indica que o consumo nas residências irá dobrar até 2050, elevando a participação da eletricidade no total de energia consumida no País dos atuais 17% para 23%. A EPE estima que esse crescimento será pautado pelo avanço no consumo de equipamentos eletrônicos de climatização e lazer, além de uma ampliação de frotas de carros elétricos no país. O patamar projetado pela empresa equivale ao atual padrão de consumo de eletricidade da União Europeia, em torno de 7 mil KWh por habitante anualmente.
As estimativas consideram também uma maior penetração da energia solar nos domicílios brasileiros, que poderá aliviar em até 8 TWh o consumo de eletricidade no País somente com o uso para aquecimento. No total, a modalidade deverá ser responsável por uma potência adicional de 33 GW nas residências, o que equivale a 13% da demanda elétrica total.
Indústria
De acordo com a EPE, a estimativa é que o consumo de energia da indústria cresça 2,2% ao ano até 2050, sustentada por uma expansão "vigorosa" da infraestrutura do país, que movimentarão setores de alta intensidade energética. Apesar do crescimento, o estudo indica que a indústria passará por uma mudança estrutural, com desaceleração da demanda para setores como cimento e aço ao longo dos anos e aceleração em setores de papel e celulose e indústria química.
A percepção é que haverá uma expansão na construção civil, que motivará o aumento do consumo de energia para produção de cimento, cerâmica, vidro e aço, por exemplo. "Esta evolução relaciona-se à progressiva e necessária expansão da infraestrutura no Brasil, em termos de rodovias, portos e edificações em geral, o que permitirá ao país dotar-se das condições necessárias de competitividade", diz o estudo.
Para o setor de cimento, a estimativa é que haja um alto crescimento concentrado na próxima década, seguida de perda de ritmo e estabilização em 2040. Assim, a média de crescimento para o segmento é de 2% ao ano em relação as Tonelada Equivalente de Petróleo (TEP), chegando ao pico próximo a 12 milhões de TEP.
Também o setor de aço deve se estabilizar na década de 2040, segundo a EPE, sobretudo em função de "ganho de eficiência energética" em seus processos. A estimativa é de uma média de crescimento de 1,6% ao ano. Para a indústria de papel e celulose, a projeção é de crescimento de 2,6% ao ano na demanda por energia.
Quem deve elevar participação no período é o setor de química e petroquímica, segundo o estudo. Para o segmento de petroquímica, a previsão é saltar de 7 milhões de TEP, em 2013, para 22 milhões.
A empresa avalia que há "cenário favorável" para a produção física de minério de ferro, de bauxita e de pelotas, com crescimento de participação em termos de valor adicionado à economia. "Desta forma, sua participação no consumo final energético industrial alcança 5% em 2050", completa.
Por outro lado, o estudo da EPE também considera que o consumo de cana-de-açúcar para uso energético deverá reduzir sua participação no total da demanda energética do País. A queda estimada na participação é de 5% no horizonte 2050, e deve-se, "basicamente, à moderada taxa de expansão do setor sucroalcooleiro neste período".