O Tesouro Nacional pediu ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) mais cerca de R$ 3 bilhões em dividendos, para engordar as receitas públicas ainda este mês, segundo fontes do governo. Com isso, os valores pagos pelo banco à União chegarão a R$ 7,8 bilhões desde janeiro.
Os dividendos dos lucros das estatais deverão adicionar R$ 27 bilhões às receitas do governo até o fim do ano, nos cálculos do economista Felipe Salto, da Tendências Consultoria. Serão peça fundamental para o superávit primário, o saldo positivo entre receitas e despesas públicas, sem contar juros.
"Agosto vai vir mais forte em dividendos", disse ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, uma fonte próxima ao Tesouro. Segundo a fonte, que pediu anonimato, agosto é chave porque as contas públicas do quadrimestre serão fechadas e o superávit primário está "muito abaixo" da meta.
Procuradas no fim da tarde, as assessorias do BNDES e do Tesouro não comentaram o pedido de repasse de dividendos. O Estado apurou que o pagamento segue o estatuto do banco e é considerado normal. Os cerca de R$ 3 bilhões referem-se ao exercício deste ano. No primeiro semestre, o BNDES pagou outros R$ 3,8 bilhões, referentes a outros anos. Em junho, houve pagamento de quase R$ 1 bilhão, a título de juros sobre o capital próprio (JCP), outra forma de distribuir lucros.