Ao longo dos anos, o que sempre se ouviu, de forma elogiosa, é que o Brasil tem uma das matrizes energéticas mais renováveis do mundo, por conta do uso disseminado das hidrelétricas. A crise provocada nos últimos anos pela escassez de chuva, porém, colocou esse modelo no centro da discussão, e a verdade é que o caminho para se chegar a uma alternativa não está muito perto do consenso.
Marina considerou que o uso de térmicas para compensar a baixa dos reservatórios em períodos de seca, como atualmente, deve ser feito apenas em “eventualidades extremas”, e não como componente fixo da matriz energética, como é feito há cerca de um ano. “Infelizmente, estamos sujando a matriz energética brasileira”, disse.
O programa para a área de energia da presidente Dilma Rousseff, coordenado pelo presidente da EPE, Maurício Tolmasquim, está em fase final de elaboração e ainda não foi divulgado.
Coordenador de mudanças climáticas e energia da organização não governamental WWF-Brasil, o biólogo André Nahur diz que as mudanças climáticas têm alterado a vazão de rios e o regime de chuvas, com impacto negativo na geração das hidrelétricas. Ele ressalta que o painel intergovernamental de mudanças climáticas da Organização das Nações Unidas (ONU) relatou que diversas perdas econômicas vão ser geradas por problemas de disponibilidade de água e de perdas na geração de energia decorrentes dos efeitos dessas mudança no clima.
“Diante das mudanças que o Brasil vem enfrentando no regime hídrico, várias usinas vêm caindo a geração”, diz. Segundo ele, um dos problemas do planejamento energético brasileiro é que é baseado na hidreletricidade, tornado o País refém desse fonte de energia. “Qualquer impacto que se tem na geração, não há alternativa”, avalia.
Nahur diz que foi o aconteceu este ano com a falta de chuvas, que levou ao acionamento das térmicas. Ele contabiliza um custo de R$ 12 bilhões com o acionamento das térmicas nos últimos anos. “Uma hora esse custo vai ser repassado para o consumidor”, diz.