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Estado de Minas

Crise fecha 11 mil vagas na indústria

Ramo de máquinas e equipamentos teme que demissões atinjam 20 mil pessoas. Nível de emprego é pior que o de 2011


postado em 27/08/2014 06:00 / atualizado em 27/08/2014 07:18

Atingida em cheio por efeitos da política macroeconômica, como desvalorização do câmbio, alta da taxa de juros, carga tributária e concorrência com os asiáticos, a indústria de máquinas e equipamentos, em pleno início do segundo semestre, já enxerga 2014 como um ano perdido. As estimativas divulgadas pelo setor em fevereiro, que apontavam para um ano sem crescimento, praticamente de empate com 2013, foram revisadas, e a previsão, agora, é que o setor chegue a dezembro com queda de 15% no seu faturamento, o que significa R$ 11 bilhões a menos no caixa e ritmo expressivo de demissões. Em Minas Gerais, a queda esperada acompanha a expectativa para o país, segundo indicadores divulgados pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).

Com o freio nas encomendas e alta ociosidade, de janeiro a julho a indústria fechou 11 mil postos de trabalho no país, caindo ao patamar de 249,8 mil empregos, abaixo dos níveis de 2011. “Há empresas que estão segurando processos de demissão por falta de recursos ou para manter funcionários qualificados”, diz Carlos Pastoriza, presidente da entidade. A expectativa do segmento é que a repercussão da crise continue no emprego, podendo o número atual de despensas dobrar até o Natal. “É difícil estimar como chegaremos ao fechamento de dezembro, mas as dispensas podem oscilar entre 15 mil e 20 mil vagas até lá, o que é muito. Isso representa 8% dos empregos diretos gerados no país”, calcula Pastoriza. Os setores mais afetados no país e em Minas são aqueles ligados à fabricação de máquinas e equipamentos para siderurgia, mineração e cimento.

De acordo com a Abimaq, fabricar qualquer coisa por aqui custa pelo menos 30% mais que na Europa e nos Estados Unidos, o que explica o esfriamento do setor em época de desaquecimento global da economia. “Em 2000, fabricar no Brasil custava 34% menos que nos Estados Unidos, hoje sai 22% mais caro. O Brasil é o 5º país mais caro do mundo”, observa José Cardoso, presidente-executivo da entidade. Bem atrás nesse ranking, a China ocupa a 46ª posição. Apontado como um dos principais vilões da produção nacional, o câmbio do dólar, de acordo com a Abimaq, deveria estar hoje na ordem de R$ 2,70 se considerado janeiro de 1994 como referência, descontando a inflação. Com o número menor de encomendas e trabalhando em apenas um turno, em julho, a indústria de bens de capital utilizou 75,1% de sua capacidade instalada. O faturamento bruto no mês atingiu R$ 5,7 bilhões, queda de 6,1% ante o mês anterior e de 20,3% na comparação com julho de 2013.

Apostando as fichas em uma melhora do cenário após as eleições, o fôlego extra ao setor é atrelado a medidas de longo prazo. “Ações pontuais, como a desoneração da folha, têm poder limitado. O que irá trazer novas perspectivas para a indústria é um plano de médio e longo prazo”, diz Marcelo Veneroso, diretor regional da Abimaq, em Minas.

 A competitividade da indústria brasileira despencou nas últimas três décadas, mas, ainda assim, no ano passado o setor da transformação faturou R$ 1,5 trilhão. Para recuperar a confiança perdida, o setor defende medidas de grande porte está apresentando completo panorama aos presidenciáveis. “Só medidas de longo prazo, a princípio impopulares, podem combater a desindustrialização”, aponta o diretor de ação política da entidade e ex-governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto.


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